Sistema de poda para safra zero em cafeeiros reduz perdas por estiagens

Observações em campo mostram que as lavouras de café, podadas por esqueletamento, no sistema safra zero, e que se encontram, nesta safra, em ciclo de produção, tiveram menores perdas por efeito das estiagens.

As lavouras de café, das principais regiões produtoras do país, vêm sofrendo por estresses hídricos registrados nos dois últimos ciclos, provocados por redução das chuvas e por temperaturas mais altas. Em consequência tem havido perdas significativas de produtividade. Neste último ano vem sendo observados problemas de dois tipos, os quais vão representar quebras de safra – O primeiro problema ocorre em cafeeiros que tiveram baixa indução de gemas florais, o que levou à redução na emissão de flores. Nesse caso, embora as lavouras vinham com bom potencial produtivo, para a safra de 2021, surpreendentemente emitiram poucas gemas/botões e flores. O segundo foi o mau pegamento da florada, no que se conhece como abortamento dos frutinhos. Nessa situação, plantas que floresceram normalmente, em seguida apresentaram frutinhos enegrecidos e resultaram na ausência ou em poucos frutos por roseta.

A problemática de redução na floração/frutificação esteve relacionada com o stress hídrico, que provocou a falta de água e de reservas nas plantas, embora, em menor escala, pode ter havido algo de influência do frio mais intenso. Abortamento de chumbinhos pode, também, ocorrer em função de ataque de fungos como a Phoma, mas, em boa parte, o abortamento vem acontecendo em regiões onde, por condições climáticas, a Phoma não é problema.

Por outro lado, as lavouras de café podadas, que vinham de safra zero, sentiram menos o efeito da estiagem, em função de terem, com a poda, maior equilíbrio entre a parte aérea e o sistema radicular das plantas, podendo, assim, se suprirem melhor de água. Além disso, por não terem safra no ano anterior, acumularam reservas na ramagem/folhagem nova/abundante. Os ramos dos cafeeiros apresentam frutificação normal, embora não se espere que estas lavouras produzam tão bem como se houvesse o suprimento normal de água, pois, em muitos casos, a falta de chuvas afetou o crescimento da ramagem.

Verifica-se, assim, que o sistema safra zero, além das vantagens de redução de custos, nos tratos e na colheita, se mostra uma alternativa para as condições onde se pretende minimizar riscos com déficits hídricos.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e L. Bartelega – Engs Agrs Fundação Procafé e J. Renato Dias, Lucas Franco e Lucas H. Figueiredo – Engs Agrs Fdas Sertãozinho)

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