Ferramenta ajudará a identificar riscos e direcionar ações de proteção aos municípios
O Governo de São Paulo, por meio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, inaugura nesta quinta-feira (31/10) uma Plataforma de Gestão de Riscos de Desastres Naturais. A ferramenta possibilitará análise e monitoramento para prevenção, gerenciamento e mitigação de riscos e desastres que dependem de informações geológicas.
A iniciativa faz parte do programa São Paulo Sempre Alerta, que foca na prevenção de desastres e na resposta a eventos climáticos extremos. De acordo com Natália Resende, secretária de Meio Ambiente do Estado, com o novo sistema será possível identificar riscos e orientar ações concretas para a proteção da população.
Mapeamento regional
Em escala regional o monitoramento promete o mapeamento de risco nos 645 municípios de São Paulo, identificando perigos e vulnerabilidades, com foco na população exposta e no planejamento territorial. A nova ferramenta chega em boa hora.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgada no primeiro semestre de 2024 revelou que 55% das prefeituras paulistas não estão preparadas para eventos extremos e que 8% desconhecem previsões que possam afetar as cidades.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo também tem buscado recursos para aprimorar as estações agrometeorológicas. Das 240 estações meteorológicas espalhadas pelo território paulista apenas dez medem a umidade do solo. A ideia é que a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag) financie a distribuição de estações mais tecnológicas em pontos estratégicos do Estado.
Cooperação internacional
O IPA também firmou um acordo de cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) para melhorar o sistema de gestão de riscos e desastres relacionados a fenômenos geodinâmicos e hidroclimáticos no litoral norte paulista. O projeto prevê o repasse de US$ 450 mil (cerca de R$ 2,5 milhões) pelo BID para os municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.
Cada um dos sistemas programados tem uma função diferente, cujas informações são projetadas nos monitores que compõem a plataforma. Para isso, o IPA utiliza dados globais do meio físico, meteorológicos e oceanográficos, entre outros.
Além disso, é feita uma coleta própria de dados e cálculos matemáticos desenvolvidos por pesquisadores, que são processados nos sistemas desenvolvidos pelo instituto e que geram resultados diretos para aplicação em políticas públicas.
“Nós temos informações sobre as condições do terreno e sobre as áreas mais propensas a deslizamentos ou inundações, além das formas de uso e ocupação do solo, por isso conseguimos avaliar a vulnerabilidade das pessoas que estão nesses locais e os possíveis riscos que elas correm. Claro que tudo depende do evento climático e dos tipos de processos perigosos que ocorrem em uma dada área ou região. As bases de dados e os mapeamentos que utilizamos são muito importantes para direcionar ações”, informa Ricardo Vedovello, pesquisador do IPA.
A plataforma está localizada no Núcleo de Geociências, Gestão de Riscos e Monitoramento Ambiental do IPA, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. O órgão realiza pesquisas em cartografia geológica e dinâmica das paisagens, avaliação da potencialidade dos aquíferos e hidrologia fluvial, recursos minerais, análise, mapeamento e monitoramento de processos geodinâmicos e de riscos, monitoramento ambiental, climatologia e mitigação e adaptação às mudanças climáticas.