Quedas de frutos de café após as chuvas. 

Esta semana, cafeicultores relataram uma queda significativa de frutos cereja, passa e seco. Essa ocorrência foi observada após fortes chuvas e ventos, que, em muitos casos, foram precedidos por ondas de calor no início da segunda quinzena do mês passado. Para compreender melhor o que aconteceu, é essencial entender as forças que mantêm os frutos na roseta e como essas forças podem ser desestabilizadas, levando à queda dos frutos do café.

O desprendimento ou a queda dos frutos ocorre quando as forças resultantes do movimento para desprendê-los superam a força de retenção necessária para mantê-los firmes nas rosetas. Para colher frutos verdes do cafeeiro ou para que eles caiam naturalmente, é necessário aplicar sobre eles,  uma força de desprendimento maior do que aquela necessária para os frutos cerejas e assim sucessivamente. Em outras palavras, à medida que os frutos de café amadurecem, a força que os mantém atados aos ramos diminui. 

A força de desprendimento dos frutos de café na planta está intrinsecamente relacionada ao grau de estruturação das células na região da coroa dos frutos com o pedúnculo. Essas células, por serem alvos do etileno, passam por uma reação do tipo dose-resposta, resultando em alterações estruturais durante o processo de maturação. Essas mudanças incluem o afrouxamento e a degradação da parede celular, bem como a perda gradual da adesão coesiva que as mantém unidas. Esse processo de desestruturação celular avança à medida que os frutos amadurecem. O etileno, coordenando essa ação, desestabiliza a estrutura celular, enfraquecendo a força que mantém os frutos presos à roseta do café. Consequentemente, eles se tornam cada vez mais suscetíveis à queda, à medida que amadurecem. 

Portanto, considerando as fortes chuvas e ventos nas lavouras, não é surpreendente que haja relatos de queda de frutos. Esses fenômenos meteorológicos sacodem as plantas, ramos e folhas com intensidade suficiente para causar um rompimento mecânico entre a coroa dos frutos e os pedúnculos que os sustentam na roseta, resultando na queda dos frutos.

A atual queda de frutos no estádio fenológico em que se encontram os cafeeiros, aumenta significativamente quando fortes chuvas são precedidas por ondas de calor. Cronologicamente, durante esses períodos muito quentes, há um estímulo exagerado na síntese de etileno, o que acelera consideravelmente a desestruturação das células, formando na região da coroa dos frutos, uma camada de abscisão ou de fraqueza. Como resultado, os frutos ficam mais frouxamente ligados à roseta e, na sequência, com chuvas pesadas e ventos fortes, eles se desprendem da planta com maior facilidade e intensidade.

Diante de fenômenos meteorológicos extremos como ondas de calor, chuvas intensas e rajadas de vento, pouco se pode fazer, e é esperado que ocorram quedas de frutos de café. Embora seja difícil quantificar as perdas, nas lavouras em que isso aconteceu, certamente elas serão significativas, pois menos sacos de café cereja serão colhidos e haverá um aumento no café de “varrição” que sabidamente é de menor qualidade e tem preço mais baixo.

No entanto, é oportuno lembrar do velho e bom ditado popular: “é melhor prevenir do que remediar”. No caso em questão, a prevenção passa pelo fortalecimento da parede celular, impedindo que as células se rompam com facilidade. Isso garante à célula, elasticidade e resistência a tensões físicas, permitindo que suporte melhor as pressões externas. A manutenção dos níveis de cálcio e boro no cafeeiro, antes do período de maturação dos frutos, fortalece e protege a parede celular, prevenindo sua ruptura em momentos como esses e com isso, minimiza a queda de frutos.  

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