A pré-colheita do café é uma fase importante no gerenciamento da atividade cafeeira. Consiste em uma previsão da safra, levantamento de recursos materiais e financeiros; dimensionamento e revisão da infra-estrutura e maquinários para o processamento do café; levantamento da necessidade de mão-de-obra; e o preparo da lavoura para a colheita. Separamos do material da Emater (MG) alguns detalhes que não podem ser esquecidos nesta etapa.
Arruação ou limpeza
Consiste em fazer, quando necessário, uma limpeza próxima ou sob a saia do cafeeiro com rastelo ou rodo de madeira, arruadores ou sopradores mecânicos. Evite remover terra em excesso para não danificar as raízes do cafeeiro. Há casos em que são feitas aplicações de herbicidas na rebrota do mato após ter sido cortado com roçadora tratorizada ou manual.
Cuidados com as instalações
Tulhas, lavador-separador, terreiro e secador devem passar por uma rigorosa inspeção. Nas tulhas, não permitir a armazenagem de outro produto agrícola, bem como de insumos, pois o café absorve, com muita facilidade, odores estranhos. O terreiro, que ao longo do ano serviu para tantas outras finalidades, deve, nesta época, servir exclusivamente para secagem, pois o café pode facilmente ser contaminado. Deve ser bem varrido, lavado, desinfetado e inclusive cercado, se houver necessidade.
Restauração do terreiro
Periodicamente, o terreiro deve passar por uma reforma para eliminar gretas e rachaduras, visando facilitar a operação de secagem e evitar a retenção de grãos que se deterioram ao permanecerem ali retidos, com riscos de contaminar o café. Uma alternativa para restauração é a mistura de cal de reboco, areia fina e cimento.
Ponto de colheita
Consiste na avaliação do grau de maturação do café em cada gleba ou talhão, devendo ser feita próximo à colheita. Tem como finalidade orientar na tomada de decisão de iniciar ou não a colheita, define também com melhor precisão e clareza por qual talhão ou gleba deverá iniciar-se a colheita.
Influência do ponto de colheita na qualidade do café
Quando se colhe com grande quantidade de grãos verdes ocorrem perdas qualitativas pelas alterações no tipo, bebida, sabor e aroma. A presença de frutos verdes acarreta também prejuízos quantitativos, pois maior quantidade de litros de café da roça será necessária para se obter uma saca de café de 60 kg beneficiada. Os frutos em fase de senescência ficam mais sujeitos à ação de microrganismos responsáveis pelas fermentações, com produção de álcool e ácidos que poderão interferir de forma negativa na qualidade caso estas fermentações ocorram de forma incontrolável e prolongada, como resultado da permanência dos frutos na árvore (colheita atrasada em regiões mais úmidas), conferindo aromas e sabores indesejáveis ao café e a característica conhecida como fermentado pelos provadores.
Avaliação da maturação dos frutos na lavoura
– Dividir a lavoura em glebas ou talhões homogêneos;
– Escolher quatro plantas que sejam representativas da gleba ou talhão;
– Colher os frutos dessas plantas e medir a quantidade colhida;
– Retirar 1 litro do café colhido e separar os frutos por estádio de maturação, ou seja, verde; verde – cana; cereja (maduro); passa; seco;
– Anotar a quantidade de frutos obtidos em cada fase.
Quando não se faz colheita seletiva, o momento ideal para dar início à colheita deve ser definido não apenas pelo percentual de grãos verdes, mas pela soma de outros fatores tais como: volume da safra, estrutura de secagem, disponibilidade de mão-de-obra e, obviamente, pela qualidade de bebida que se quer obter. Deve-se lembrar que no início da colheita é mínimo o percentual de grãos secos e maior o de grãos verdes, sendo que à medida que a colheita avança, as proporções vão se invertendo. Como referencial prático e dependendo dos fatores citados, sugere-se uma faixa de 5% a 20% de grãos verdes para o início da colheita.
As informações são do Manual do Café: Colheita e preparo, da Emater – Belo Horizonte (MG)