Pecuária brasileira sofre prejuízos de cerca de US$ 14 bilhões por conta de parasitas

Trícia Maria Ferreira de Souza Oliveira diz que produtores pecuários devem realizar um controle estratégico para mitigar os efeitos dos parasitas nos rebanhos.

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina no mundo, a qual representa cerca de 20% das exportações mundiais e 15% da produção. Apesar disso, parasitas causaram prejuízos de cerca de US$ 14 bilhões para a pecuária brasileira no ano de 2022. Trícia Maria Ferreira de Souza Oliveira, professora do Departamento de Medicina Veterinária da Faculdade de Zootecnica e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, explica como é realizada a prevenção contra essas doenças e analisa os efeitos que causam para o produtor e para o animal.

Cuidados contra os parasitas

Segundo a professora, o clima tropical favorece o surgimento e a proliferação de parasitas que prejudicam a pecuária no País. ”Existem os nematódeos gastrintestinais, que são vermes endoparasitas e também os ectoparasitas, como o carrapato bovino, as moscas hematófagas e a mosca do berne, que atinge o couro dos animais” explica.

As parasitoses são doenças corriqueiras no cotidiano do pecuarista e existem diferentes tipos de tratamento utilizados. Para evitar que o prejuízo seja ainda maior, deve ser realizado um preparo, a partir de um acompanhamento veterinário que controle os parasitas em seu rebanho. 

De acordo com Trícia, existem épocas específicas para vermifugações: anualmente entre os meses de maio e novembro e em períodos estratégicos da vida do animal — como no pré-parto e na aquisição de bovinos novos. ”É um campo de estudo grande porque existe uma preocupação com a resistência aos remédios, da mesma forma que acontece com os antibióticos, o uso indiscriminado não pode acontecer”, avalia. A pesquisadora também destaca a necessidade do acompanhamento veterinário e da recorrência dos exames para verificar a eficiência das drogas utilizadas no rebanho.

Impactos nos animais

Trícia Maria Ferreira de Souza Oliveira – Foto: Lattes

A professora pontua que um dos maiores desafios desse debate é a perda de peso do animal, uma vez que os endoparasitas, diferentemente dos carrapatos, não são visíveis. Além disso, na maioria dos casos eles não apresentam sintomas, sendo possíveis de serem detectados apenas com exames clínicos. Ela adiciona que casos clínicos são mais frequentes em animais mais jovens após o desmame, sendo o período mais crítico.

“São necessários exames de fezes, para uma contagem de ovos por grama, que verifiquem como está o parasitismo no animal. É muito importante que o produtor faça não só o tratamento curativo quando o animal está doente, mas faça um controle estratégico com algumas vermifugações anuais “, comenta a especialista. 

Essas medidas são cruciais para o controle das parasitoses de forma adequada e, dessa forma, mitigar o prejuízo sofrido a cada safra. A perda de peso do animal diminui a produção de carne e de leite, o que pode acarretar em perdas totais de bilhões de dólares anualmente. 

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