Panorama de produção das goiabeiras

O Brasil produz anualmente toneladas da fruta da goiabeira, movimentando a indústria que gira em torno do fruto, por meio da produção de doces, polpas, geleias, etc. A goiaba vermelha é a mais difundida, e isto ocorre principalmente devido a sua coloração ser a mais aceita e possuir maior demanda pela indústria de alimentos.

Por muito tempo, os maiores índices de produção de goiaba pertenceram às regiões nordeste e Sudeste. Analisando o período de 1990 a 2009, o primeiro lugar em produção é associado à região sudeste. Já entre 2010 e 2016, essa posição passou a se alternar entre as regiões já citadas, chegando a uma média anual de 180.00 toneladas produzidas no Sudeste e 200.000 no Nordeste.

Realidade atual

Atualmente, as regiões nordeste, sudeste e sul são as que mais se destacam como maiores produtoras, totalizando 565.044 toneladas (IBGE, 2019). Segundo o Sidra, o Nordeste foi responsável por pouco mais de 50% da produção no ano de 2019. Apenas a região nordeste produziu 292.889 toneladas, o que é equivalente a um rendimento de 27.605 kg/ha. 

Dentre os Estados brasileiros, aquele que possuiu maior produção no ano de 2019 foi Pernambuco, com 210.512 toneladas, sendo seu rendimento médio de produção de 37.279 kg/ha. De acordo com o Sidra, as cidades que se destacam como maiores produtoras são Orocó, Belém do São Francisco e Gravatá, esta última com dados de produção referentes aos anos de 2017, 2018 e 2019. 

Em se tratando de rendimento médio de produção, as cidades que mais se sobressaem são Tacaratu, Petrolândia, Orocó e Florestas, onde justas renderam aproximadamente 230.000 kg/ha em 2019. 

São Paulo vem logo em seguida, entregando uma produção de 194.002 toneladas, com um rendimento de 28.728 kg/ha no ano de 2019. Dentre as cidades que mais produziram em 2019 neste Estado, pode-se citar Vista Alegre do Alto, Itápolis, Taquatiringa e Valinhas, somando aproximadamente 85.750 toneladas produzidas. 

Po outro lado, as cidades que alcançaram os maiores rendimentos médios de produção em 2019, segundo o Sidra, foram Arealva, Marabá Paulista, Descalvado, São Carlos, Terra Roxa, Vinhedo, somando por volta de 254.000 kg/ha. 

Correção e adubação do solo

Luis Borges Rocha – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí (UFPI) – luisborges.agro@hotmail.com

Em se pensando no cultivo e correção do solo, inicialmente devemos começar com a realização da coleta da amostra de solo para realização das análises químicas, físicas e granulométricas, seguindo os procedimentos de coleta e amostragem propostos pela Embrapa.

De posse dos resultados da análise de solo, e de acordo com o método de extração adotado e região, seguimos com a metodologia de interpretação dos resultados (5ª aproximação, Cerrado – correção do solo e adubação), e com isso conseguiremos realizar a recomendação da dose correta e adequada à cultura.

Por onde começar

No Brasil, com presença expressiva de solos em avançado estádio de intemperismo, práticas que visam a correção do pH e neutralização do alumínio são necessárias, entre elas, a calagem, que tem o intuito de elevar a saturação por base para 50% na camada de 0 a 20 cm, e uma posterior gessagem, em solos com saturação por alumínio maior que 20%, e/ou com camada de 20 a 60 cm do solo ácida. 

Práticas como estas são importantes para uma melhor disponibilização dos nutrientes fornecidos pela adubação no solo, e consequentemente, aproveitamento pelas plantas.

A realização da adubação dos macronutrientes leva em consideração os níveis no solo, o tempo de cultivo e as necessidades da cultura, em que para solos iniciais (1,0 ano), em que não foi realizada adubação de correção para o N, P e K na adubação de formação, considerando os níveis disponíveis no solo como “baixos”, recomenda-se aplicar 60 g de N planta-1, 120 g de P2O5planta-1 e 80 g de K2O planta-1

Contudo, em níveis adequados, recomenda-se aplicar 60 g de N planta-1, 40 g de P2O5 planta-1 e 30 g de K2O planta-1. Vale lembrar que, de acordo com a idade do pomar, as doses aumentam linearmente (Sousa e Lobato, 2004).

Próximo passo

Já para adubação de produção, considerando uma produção estimada de 20 a 40 toneladas por hectare para o N, com disponibilidade de N no tecido entre 21 e 28 g kg, recomenda-se aplicar 85 kg ha-1.

Já para o P e K, leva-se em consideração os níveis disponíveis no solo (adequado) e a produtividade estimada de 20 a 40 toneladas por hectare, quando se recomendam 20 e 50 kg ha-1, respectivamente, para P e K (Sousa e Lobato, 2004).

Considerando adubação de correção para solos de Cerrado, em que os micronutrientes estejam em níveis baixos, recomenda-se aplicar a lanço 2,0 kg ha-1 de boro, 2,0 kg ha-1 de cobre; 6,0 kg ha-1 de manganês; 6,0 kg ha-1 de zinco; 0,4 kg ha-1 de molibdênio e posterior adubação de plantio para fornecimento de nutrientes na quantidade correta.

Adubação de plantio

Além da aplicação de correção quando os níveis dos nutrientes tiverem sido considerados baixos, recomenda-se também a adubação de plantio, que deve ser realizada em cada cova, seguindo as seguintes recomendações: 0,5; 0,5; 1,0; 0,05 e 3,0 g cova-1, respectivamente, para boro, cobre, manganês, molibdênio e zinco. 

Para plantio, em solos onde não foi realizada análise de solo, deve-se considerar para aplicação a lanço as mesmas doses recomendadas para adubação de correção.

Em período chuvoso, em virtude da capacidade de lixiviação dos nutrientes, para o N e K, recomenda-se parcelar a adubação de produção em três vezes, nas faixas conforme a projeção da copa. A adubação fosfatada poderá ser realizada uma única vez, ou, caso utilize formulados ou disponha de mão de obra suficiente, poderá ser realizada juntamente com a adubação de nitrogênio e potássio.

Erros que devem ser evitados

Luis Borges Rocha – Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia/Solos e Nutrição de Plantas – Universidade Federal do Piauí (UFPI) – luisborges.agro@hotmail.com

Assim como em outras culturas, a goiabeira tem características peculiares, e por isso necessita de atenção e cuidados ao longo de seu cultivo. Assim, alguns erros devem ser evitados, desde sua implantação até a colheita e/ou destinação final. Entre eles, a adequação do solo, manejo de plantas daninhas, pragas e doenças que conseguem diminuir ou inviabilizar o fornecimento desta cultura ao mercado.

Fornecer à cultura condições físicas e químicas e biológicas do solo é crucial ao seu desenvolvimento, e para isso deve-se evitar cultivar esta planta em solos com presença de impedimentos físicos ao sistema radicular, como em solos compactados, mal drenados; com má condições químicas, como: pH ácido, que consequentemente prejudicará a absorção e assimilação de nutriente pela planta, bem como níveis de alumínio elevado em camadas superficiais ou subsuperfície. 

Além disso, na adubação deve-se evitar ao máximo erros como utilização de nutrientes como nitrogênio e potássio aplicados de uma única vez, pois estes possuem elevada capacidade de lixiviação, e com isso a indisponibilização deste para a cultura em seus estádios de desenvolvimento.

Em seu estádio reprodutivo, a realização das podas se faz de grande importância, ao ponto que esta cultura apresenta ao mesmo período flores, frutos verdes e maduros. Vale uma atenção especial às podas que devem ser realizadas, evitando que erros como estes possam acontecer e atrapalhar o momento da colheita.

Estes problemas podes ser evitados com a realização de podas no momento correto, e retirando os galhos/ramos de forma que forneça um bom arejamento a cultura, além de uma melhor disposição da planta para realização de conversão de energia luminosa em energia química.

Fitossanidade

Devido à presença de pragas e insetos, é necessário a adoção de medidas fitossanitárias na cultura, contudo, deve-se atentar a estas medidas, ao passo que o erro na utilização poderá impactar na produção e desenvolvimento do pomar. 

Pontos importantes relacionados às medidas fitossanitárias são mencionados no momento da floração, em que esta cultura, devido à sua composição floral, é dependente da polinização por abelhas, e com isso, deve-se ter cuidado no momento da aplicação de defensivos, utilizando produtos que não sejam tóxicos às abelhas que participam da polinização das flores da goiabeira.

Já quanto às plantas daninhas, quando não são controladas da forma correta, estas começam a competir por nutrientes, servir de hospedeiras para pragas e doenças, e em alguns casos podem apresentar compostos alelopáticos.

Related posts

Preço do tomate segue em queda com aumento da oferta

Bahia terá incentivo para atrair processadoras de suco de laranja

Chuvas aliviam situação de pomares de laranja

Usamos cookies para melhorar sua experiência no site. Leia Mais