Doutor em zootecnia explica o manejo adequado de preparação do gado para a engorda e terminação intensiva.
Antes de levar a boiada do pasto para o confinamento, que tal fazer uma boa preparação e adaptação dos animais? Esta tem sido uma boa saída, inclusive para estudos científicos que avaliam a dinâmica da produção de engorda e terminação de bovinos no cocho.
“O confinamento é como uma corrida de 100 metros. Por isso, o sujeito tem de entrar aquecido. O desafio no confinamento está cada vez maior. Há muito problema na adaptação animal que muitas vezes refuga cocho”, diz Flávio Dutra de Resende, doutor em zootecnia, pesquisador e diretor do Polo Regional de Alta Mogiana da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), que fica no município de Colina, na região de Barretos.
O pesquisador foi o entrevistado da série de reportagens que mostra as pesquisas da APTA para o desenvolvimento da pecuária brasileira. Nesta sexta-feira, 20, foi ao ar o quarto episódio.
O alerta do pesquisador é que essa transição do pasto para o confinamento pode levar a grandes prejuízos, se não for feita adequadamente. Alguns estudos do Polo da APTA em Colina mostraram que animais apresentaram um crescimento de vísceras, fígado, rins, e demais órgãos metabólicos logo nos primeiros dias de confinamento.
“Nós mensuramos isso. Nos primeiros dias do confinamento os animais ganharam cerca de 360 a 370 gramas de crescimento do rúmen, do intestino, e dos principais órgãos metabolismo como o fígado. Não quero isso no confinamento”, diz Resende.
Adaptação
Para evitar problemas como esse, o ideal é planejar um momento de adaptação até mesmo antes de levar os animais para o confinamento. Uma das ideias é uma pré-adaptação com o fornecimento de ração para os animais. O período pode variar de 30 a 90 dias.
“Uma recomendação é fornecer 0,3% de ração por peso vivo no cocho, ou mesmo 0,5%, à medida que a qualidade dos pastos vai caindo. Nesse momento eu começo suprir a necessidade dos animais”, diz Resende.
Os efeitos dessa adaptação além de fazer com que os animais não rejeitem o cocho quando estiverem no confinamento, garante animais mais pesados na hora de levá-los para o abate.
“O que queremos é, hoje cada vez mais, e pelo preço da reposição, abater animais mais mais pesados para diluir o custo do ágio da reposição”, diz Resende.
Ao todo serão 20 reportagens, de todos os ciclos de produção de carne de qualidade, que serão exibidas no programa Giro do Boi todas as sextas-feiras. O programa de TV vai ao ar de segunda à sexta no Canal Rural, às 7h00 (horário de Brasília) e no Canal do Criador, às 13h00 (horário de Brasília).