Limpeza na lavoura: bichos-lixeiros fazem o controle biológico de pragas do café

A professora Alessandra Marieli Vacari, da Unifran, encabeça projeto de pesquisa sobre o papel dos bichos-lixeiros no combate a pragas do café como a mariposa dos bichos mineiros, o ácaro vermelho e o ácaro-da-leprose.

Alessandra Marieli Vacari, doutora e docente na Universidade de Franca (Unifran), orienta estudantes de graduação e pós-graduação em um projeto de pesquisa em Entomologia Agrícola apoiado pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – e pelo CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Iniciada em fevereiro de 2019, a proposta pretende avaliar a interação da lavoura cafeeira com os insetos crisopídeos, popularmente conhecidos por bichos-lixeiros, que combatem pragas-chaves como a mariposa dos bichos mineiros, o ácaro vermelho e o ácaro-da-leprose.

Alessandra afirma que conheceu várias regiões de café com crisopídeos ao trabalhar em Franca-SP e se sentiu motivada, uma vez que o cafeeiro é “uma das culturas de maior importância econômica, principalmente porque Franca está localizada na região da Alta Mogiana, onde são produzidos cafés orgânicos e especiais”. Ela enviou a proposta às instituições de pesquisa no intuito de desenvolver um programa aplicado na cultura, utilizando os crisopídeos no controle biológico. Até janeiro de 2022, a docente busca estudar a interação entre folha de café, bicho mineiro e bicho-lixeiro.

A professora explica que o bicho mineiro faz uma mina na folha para se alimentar dela. “Quando a mariposa pousa sobre a folha e coloca os ovos, deles eclodem as lagartas, que entram no parênquima foliar”. O parênquima foliar é o principal representante do sistema de tecidos da planta e, quando atacado, produz mecanismos de defesa que prejudicam o desenvolvimento, a reprodução e a oviposição do inseto-praga. Eles atuam tanto como detergentes na alimentação das lagartas quanto como atraentes dos bichos-lixeiros.

“Há um equipamento de sistema totalmente fechado, com um túbulo Y de vidro, chamado olfatômetro. Nele, coloco, de um lado, a planta não atacada, intacta, e, do outro, uma que sofreu injúrias do bicho mineiro. O crisopídeo, que está no meio, detecta e vai ao encontro da planta atacada, pela qual tem preferência. Isso é um indicativo de que, após o ataque, a planta produz os metabólitos e eles atraem o crisopídeo, o que não ocorre quando a planta não está infestada.”

Sozinhas, portanto, algumas plantas atraem os predadores naturalmente, mas essa proteção pode ser bloqueada por diversos motivos, como falta de adaptabilidade da planta ao clima ou o próprio monocultivo realizado pelo ser humano, visto que alimentos em excesso, falta de nutrientes na terra e ausência de outros fatores limitantes desencadeiam um ritmo desenfreado na taxa reprodutiva das pragas, com a qual a planta não dá conta de lidar por si só.

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