A colheita de café deste ano tem sofrido impactos devido à falta de chuva e também à forte geada registrada no Sul de Minas em 2021. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já havia alertado para a quebra de safra em cerca de 15%, mas há a possibilidade de a quantidade ser ainda menor.
Em maio, a Conab divulgou a estimativa para a produção deste ano de quebra com colheita de cerca de 54 milhões de sacas de café. O número estimado é maior do que o de 2021, mas menor do que 2020, que foi o último ano de safra alta.
Um dos fatores negativos que contribuíram para a quebra foi a seca prolongada do final de 2020, além do déficit hídrico, do frio intenso e da geada do ano passado.
“Tudo levava a crer que 2022 teria uma safra tão boa ou maior do que a de 2020. A seca do ano passado e o frio durante muitos dias, com 45 dias intenso e geada, levaram as plantas a se desgastarem muito por esse estresse e não atingir a florada que estávamos esperando, além das plantas que foram queimadas pela geada”, destacou o agrônomo da Epamig, Vinícius Andrade.
O especialista da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais salientou que a Conab deve divulgar, nos próximos dias, uma nova estimativa para a safra deste ano. De acordo com ele, a nova previsão de colheita deve ser menor.
Geada de 2021 e falta de chuva interferem na colheita de café deste ano no Sul de Minas — Foto: Reprodução/EPTV
“Após a geada de 2021, a gente já sabia que a safra de 2022 seria menor do que a de 2020. Só que esse cenário piorando desde a florada, a previsão da Conab contemplou um pouco disso. E a Conab vai soltar uma nova previsão de safra dentro de alguns dias. Com certeza vai ser menor do que a previsão feita em maio”, falou Andrade.
O agrônomo disse acreditar que a safra de 2023 também não deve ser a mesma do que a de 2020. De acordo com ele, há lavouras que ainda sofrem impacto da geada. Além disso, ele salienta que outro fator que pode contribuir é a falta de chuvas este ano.
“Uma estimativa nossa é que 2023 não teria a capacidade de produzir a mesma quantidade do que foi produzido em 2020. Isso porque as lavouras que sofreram com geadas foram podadas, e essas lavouras estão se recuperando. Algumas que também sofreram com as geadas foram erradicadas e, em algumas ocasiões, não voltou café para aquela área. Concluímos que o potencial não chegaria próximo de 2020. Este ano, apesar de ter o inverno mais quente, de acordo com o boletim do Pró-café, no mês de julho o déficit hídrico já está bem acentuado, e temos agosto inteiro sem chuva ainda e parte de setembro também. O potencial que a gente tinha na safra de 2023 pode ser que fique um pouco comprometido”, disse.
Fonte: EPTV e g1 Sul de Minas