FOLHA TÉCNICA 511 – MAIORES DISTÂNCIAS NA LINHA DE PLANTIO DE CAFEEIROS FACILITAM ESGOTAMENTO DAS PLANTAS

J.B.Matiello e Marcelo Jordão Filho – Engs Agrs Fundação Procafé.

Os espaçamentos usados na implantação de lavouras de café evoluíram muito nas últimas décadas, até se chegar à indicação de um sistema renque, onde a distância entre plantas na linha é bem pequena. Porém, muitos produtores ainda relutam em adotar essas menores distâncias. As informações agora obtidas, de ensaio onde se comparou diferentes distâncias, para as variedades Catuai e Mundo Novo, mostram um novo aspecto. Os cafeeiros mais distantes se esgotam muito ao longo das safras.

Os sistemas de espaçamento nas lavouras de café eram bem abertos no passado, resultando em baixo stand de plantas por área. Nas décadas de 1950 e 60 eram usadas distâncias de 3×3 a 4×4 m, com menos de mil covas/ha. Depois, nas décadas de 1970 e 80, houve evolução para plantios retangulares, onde as distâncias variavam de 3,5-4 m x 1,5-2,5 m, com uso predominante de duas mudas por cova. De meados dos anos 80 em diante foi demonstrada a importância de aumentar o número de plantas por área, para a faixa de cerca de 5000 pl/ha, com o uso de espaçamentos em renque.

Inúmeros experimentos foram realizados, em diferentes regiões produtoras, onde foram estudados diferentes espaçamentos, nas ruas e nas linhas. Nesses campos, sempre foi verificado que as menores distâncias resultavam em maiores produtividades por área. Em função disso, a recomendação atual é de uso de espaçamento de 0,5 m entre plantas na linha e a distância na rua vai variar com a condição local. Em áreas montanhosas, essa distância pode ser menor, de 2-2,5 m, pois não vai ser possível mecanizar. Já, nas áreas mecanizáveis essa distância precisa ser maior, na faixa de 3,5-4,0 m.

Na menor distância entre plantas cada uma delas produz menos, porém, mesmo assim, pelo seu maior número, a produtividade por área fica maior. O experimento em análise, de comparação entre diferentes distâncias na linha de cafeeiros, de duas variedades, Mundo Novo e Catuai, realizado em Franca (Fda Exp. Fundação Procafé) demonstra isso, podendo-se visualizar os resultados na tabela 1. Verifica-se que a  produtividade média, das 5 safras, foi 38% maior na distância de 0,5 m em comparação com 1,0 m, isto na média das duas variedades. O cálculo da produção por planta ficou em 0,58 kg na distância de 1,0 m, contra 0,41 kg/pl na de 0,5m, portanto, uma produção a mais em cerca de 40% na distância de 1,0 m.

Observando as plantas do ensaio, como se encontram agora, depois da 5ª safra, fica muito evidente a situação de maior esgotamento das plantas a 1,0 m, se apresentando com ramagem seca e com menor vigor no geral, enquanto aquelas a 0,5 m apresentam vegetação normal. Com certeza, esse esgotamento se deve à maior produção por planta na maior distância. Esse aspecto já vem sendo considerado ao se indicar menores distâncias, entre plantas, quando do plantio de variedades menos vigorosas, como alguns catimores/sarchimores. Para as cultivares Catuai e Mundo Novo, com cafeeiros de bom vigor, o esgotamento severo das plantas não era esperado. Porém, na região de Franca, nos últimos anos, tem havido muitos períodos de stress hídrico, o que deve ter agravado o depauperamento das plantas, conforme pode ser observado nas fotos ilustrativas aqui colocadas.

O melhor estado vegetativo dos cafeeiros, nas menores distâncias de plantio, está relacionado ao melhor equilíbrio na relação folhas/frutos, com uso mais adequado das reservas das plantas, reduzindo seu esgotamento após as safras. O maior quantitativo de raízes e sua melhor relação com a parte aérea das plantas também é importante nesse aspecto.

Pode-se concluir, com base nos resultados de produtividade e na observação das plantas no campo,  que deve-se adotar menores distâncias entre plantas de café nas linhas, pois além de resultarem maior produtividade por área, elas, ao produzirem menos individualmente, se esgotam menos, isto mesmo para variedades mais vigorosas, como Catuai e Mundo Novo, e, especialmente, nas regiões com maior possibilidade de stress hídricos.

 

 

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