O crescimento foi de 11,6% em comparação ao mesmo mês de 2023
Mais um recorde mensal para as exportações de café brasileiro foi registrado em outubro, com embarques de 4,92 milhões de sacas de 60 quilos do grão, segundo relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta segunda-feira (11/11). O crescimento foi de 11,6% em comparação ao mesmo mês de 2023 e de 3,27% em relação ao maior volume já exportado em décadas, que aconteceu em novembro de 2020, quando o país embarcou 4,77 milhões de sacas.
De acordo com a entidade, o volume é ainda mais significativo para a série histórica, pois o país vem enfrentando problemas logísticos nos portos, o que implicou esforços do setor para concretizar exportações em “break bulk”, modalidade para superar atrasos e alterações de escalas de navios para embarque, acrescentou o boletim mensal do Cecafé.
“Até setembro, entraves na logística acumularam 2,1 milhões de sacas sem embarque nos portos brasileiros”, menciona o relatório. Mesmo com os gargalos logísticos que impossibilitaram o embarque de 2,1 milhões de sacas de café até o fim de setembro neste ano.
A um preço médio de US$ 282,80 por saca exportada, o valor obtido com as remessas cafeeiras do país ao exterior, em outubro, foi de US$ 1,393 bilhão, recorde para um único mês em ambos os cenários. Na comparação com a receita cambial obtida em outubro de 2023, a alta foi de 62,6%.
“Esse resultado de outubro foi, sem dúvida, muito bom para o comércio exportador de café do Brasil, pois demonstra o engajamento das empresas e de suas equipes de logísticas para consolidar seus embarques, buscando alternativas, como as exportações de cinco navios de break bulk, para honrar os compromissos com os clientes internacionais”, destacou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Problemas logísticos
Entretanto, o Cecafé lembra que ainda há um grande volume de café parado nos portos. “Os exportadores seguem enfrentando desafios para consolidarem seus embarques devido à continuidade dos elevados índices de atrasos de navios e rolagens de cargas”, alerta Ferreira.
De acordo com ele, o aumento na demanda por contêineres para a exportação de café, açúcar e algodão, somado à falta de infraestrutura portuária adequada para atender produtos conteinerizados, contribuiu para os elevados índices de atrasos dos navios, gerando a lotação de pátios dos terminais.
Ferreira falou também que a entidade e representantes da cadeia cafeeira estão reivindicando ampliação dos portos ou adesão de mecanismos para que a situação de atraso não se repita ou piore.
Desempenho
Com o desempenho de outubro, o Brasil atinge o número de 17,07 milhões de sacas exportadas no acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2024/25, o que rendeu US$ 4,529 bilhões ao país.
Na comparação com os desempenhos registrados entre julho e outubro de 2023, há crescimentos de 17,9% em volume e de 58,1% em receita.
Ao analisar o acumulado dos dez primeiros meses de 2024, os embarques de café somam 41,45 milhões de sacas, volume histórico para o período por representar aumento de 35,1% em relação ao embarcado nos mesmos 10 meses do ano passado. A receita apurada neste período de US$ 9,87 bilhões também é recorde no intervalo e implica alta de 53,8% na mesma comparação.
Variedades
Do total anual, o café arábica respondeu por 30,20 milhões de sacas ao exterior, sendo a espécie mais exportada pelo Brasil. “Esse volume é o maior da história para esse período de 10 meses, equivale a 72,9% do total e representa alta de 24,3% em relação ao mesmo intervalo no ano passado”, afirmou o Cecafé.
A espécie canéfora (conilon e robusta) mantém-se no destaque dos embarques em 2024 ao registrar substancial crescimento de 140% em relação ao igual período de 2023, com o envio recorde de 7,89 milhões de sacas ao exterior. Isso representou 19% das exportações gerais.
O segmento do café solúvel, com 3,32 milhões de sacas, avançou 8,8%.
Destinos
Entre os principais destinos de exportação está, mais uma vez, Alemanha, que até agora importou 6,64 milhões de sacas de janeiro a outubro, o que equivale a 23,9% do total exportado. Com isso, as compras alemãs aumentaram 77% entre 2023 e 2024.
Em segundo lugar, estão os Estados Unidos, com 23,4% de representatividade, com 6,52 milhões de sacas, ou 30,9% a mais na comparação anual.
Na contramão, o Japão, que vinha aumentando suas compras de café brasileiro, adquiriu 1,84 milhão de sacas, uma redução de 1,6%, puxado por uma menor importação em outubro.
No caso do café verde, o México lidera a tabela com a aquisição de 871,76 mil sacas do produto in natura, uma alta de 155,3% em relação ao intervalo de janeiro a outubro de 2023. O país é uma origem produtora, em especial, de conilon.
O Vietnã, segundo maior produtor do mundo, aparece na sequência, ampliando as importações dos cafés verdes brasileiros para 607,23 mil sacas, com significativo aumento, de 432,8% sobre o volume adquirido nos 10 primeiros meses do ano anterior.
Destaca-se, ainda, a performance da Índia, que ampliou em expressivos 1.356% suas compras dos cafés em grão do Brasil, para 225.936 sacas.
A União Europeia, que deve ter uma definição do Parlamento Europeu sobre o adiamento em um ano da lei antidesmatamento, totalizou o acumulado anual comprando 19,93 milhões de sacas, uma alta de 54,5%.