Café que custa R$ 5.500 a saca vence Prêmio Chapada de Minas

Participaram do concurso neste ano 75 amostras de cafeicultores do Vale do Jequitinhonha

Com um café cereja descascado de média de 88,5 pontos, o produtor Ronaldo Morais Pena Filho, da Fazenda Primavera, foi o grande vencedor do 3º Prêmio Chapada de Minas anunciado na noite desta quinta-feira (24/10) em Capelinha, no nordeste de Minas Gerais. Ronaldo, campeão da categoria cereja descascado acima de 20 hectares, também ficou com o segundo lugar na categoria natural.

No leilão após a premiação, o café do campeão alcançou o maior lance, com R$ 5.500 a saca de 60 kg.

O grupo da Primavera, que tem mais duas fazendas na região, ainda conquistou o terceiro lugar na categoria cereja descascado com a produção da fazenda Riviera, assinada pelo sócio de Ronaldo, Mateus Lettieri Junqueira.

Participaram do concurso neste ano 75 amostras de cafeicultores da Chapada, que engloba cerca de 5.800 produtores de 22 municípios do Vale do Jequitinhonha, região que se desenvolveu economicamente nos últimos anos graças às culturas do eucalipto e café.

Quem recebeu o troféu de campeão pela Primavera foi o gerente da fazenda, o engenheiro-agrônomo André Aprelini. Ele conta que a propriedade no município de Angelândia, tem tradição de mais de 40 anos com café, sendo uma das pioneiras na cultura na região da Chapada. Começou com uma família da região, foi vendida para portugueses e atualmente pertence aos dois sócios brasileiros e a um fundo canadense.

A fazenda tem 600 hectares de café. No total, as três propriedades mineiras somam 1.400 hectares, com 900 hectares irrigados. O plano é plantar mais 450 hectares em 2025 e continuar expandindo até 2030. Cerca de 85% do café da Primavera já tem status de especial, ou seja, tem pontuação acima de 80 pontos na escala que vai até 100.

Um dos segredos da fazenda campeã é sua estrutura automatizada de pós-colheita. No ano passado, esse setor recebeu um investimento de R$ 4 milhões. Neste ano, estão sendo aplicados mais R$ 1,2 milhão na renovação dos secadores.

Segundo o gerente, toda a produção é rastreada e cerca de 60% a 70% vai para exportação.

Chapada de Minas engloba cerca de 5.800 produtores de 22 municípios do Vale do Jequitinhonha — Foto: Eliane Silva/Globo Rural

Foi a primeira vez que o prêmio teve seus resultados anunciados na própria região. Nos anos anteriores, a premiação ocorreu na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte. A mudança visou valorizar a região, que já tem sua marca, mas busca o certificado de Indicação Geográfica pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), com o apoio do Sebrae.

Na categoria microlote natural até 20 hectares, o vencedor foi Tarcísio Costa Barbosa, do Sítio Marmoreio, de Água Boa, que começou a plantar café na região em 1988 na propriedade de 6 hectares. Ele conta que nunca havia participado de um concurso, mas foi incentivado por um técnico do Senar a investir em qualidade, reservou mais tempo para virar o café no terreiro e ficou emocionado com a premiação.

“Minha mulher, Maria Helena, foi quem cuidou desse café especial. Agora, quero investir mais em qualidade”, disse o pequeno produtor que está vendendo a saca neste ano por R$ 1.500, mas conseguiu um valor de R$ 4.600 pelo microlote especial no leilão realizado após a premiação em Capelinha.

Na categoria tradições naturais, o vencedor foi Rodrigo Crimaldo Mendes, da Fazenda Sequoia, que há três anos optou por investir R$ 12 milhões em estrutura de processamento automatizado indoor que substituiu o trabalho manual de secagem de café no terreiro.

O café da Sequoia da variedade geisha atingiu R$ 5.200 a saca no leilão.

Confira os ganhadores do 3º Prêmio Chapada de Minas

Microlotes naturais (até 20 ha)

  • 1º lugar: Tarcísio Costa Barbosa – Sítio Marmoreio
  • 2º lugar: José Cunha Fernandes – Sítio Brejo do Cunha
  • 3º lugar: Gilson Pereira da Silva – Fazenda Oda

Tradições naturais (acima 20 há)

  • 1º lugar: Rodrigo Crimaldo Mendes – Fazenda Sequoia
  • 2º lugar: Ronaldo Morais Pena Filho – Fazenda Primavera
  • 3º lugar: Sérgio Meirelles Filho – Fazenda Alvorada

Tradições cereja descascado (acima 20 há)

  • 1º lugar: Ronaldo Morais Pena Filho – Fazenda Primavera
  • 2º lugar: Rodrigo Crimaldo Mendes – Fazenda Sequoia
  • 3º lugar: Matheus Lettieri Junqueira – Fazenda Riviera

*A jornalista viajou a convite do Sebrae

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