POR EQUIPE CAFÉPOINT
Na última quinta-feira (2), a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) realizou uma coletiva de imprensa on-line para apresentar os dados de consumo do café ao longo de 2022. Os números revelam que, apesar da crise econômica gerada em 2021 pela pandemia, que se recuperou em 2022, a procura por café seguiu seu ritmo: mesmo com leve queda de 1,01%, em relação ao mesmo período analisado no ano anterior, e aumento no valor.
Entre novembro de 2021 e outubro de 2022, foram consumidas 21,3 milhões de sacas, queda de 1,01% em relação ao período anterior, considerando dados de novembro de 2020 a outubro de 2021. Este volume representa 41,8% da safra de 2022, que foi de 50,9 milhões de sacas, segundo a Conab. No período anterior, o volume representou 45,3% da safra, que foi de 47,7 milhões de sacas, também considerando os dados da Conab, destacando o Brasil como o maior consumidor dos cafés nacionais.
De acordo com Pavel Cardoso e Celírio Inácio, respectivamente presidente e diretor executivo da ABIC, a queda no consumo está atribuída à alta na inflação no ano passado. Durante a coletiva, os representantes destacaram os recentes problemas climáticos na produção de café arábica do Brasil.
Os dados apurados pela ABIC reforçam o papel do café como um alimento importante para os brasileiros e para a indústria nacional, e revelam que, apesar da crise econômica vivida em 2021 pela pandemia, com recuperação em 2022, o consumo de café seguiu seu ritmo: mesmo com a leve queda.
O Brasil mantém a posição de segundo maior consumidor de café do mundo. A diferença para o primeiro lugar, ocupado pelos Estados Unidos, é de 4,7 milhões de sacas. Quando analisado o consumo per capita, observa-se que, em 2022, ele foi de 5,96 kg por ano de café cru e 4,77 kg por ano de café torrado, um pouco abaixo do ano anterior (4,84kg/ano/hab.) devido ao crescimento da população.
Atualmente, as indústrias associadas da ABIC respondem por 71,1% da produção do café torrado em grão e/ou moído, e representam 86,1% de participação (share) no varejo supermercadista. A ABIC registra em seu banco de dados mais de 3 mil produtos certificados.
Em relação às vendas, a ABIC aponta que alcançaram R$ 23,5 bilhões, um aumento de 54,6% se comparado a 2021, justificado pela valorização de preço da matéria-prima, mais de 120%, que impactou fortemente no custo da indústria e ocasionou o repasse ao varejo de parte deste aumento.
Em relação ao abastecimento, durante o ano de 2022, a oferta de canéforas se manteve normal. Entretanto, a de arábica ficou abaixo da normalidade, indicando suprimento irregular e seletivo para as indústrias de todos os portes.
Já as vendas de café aumentam nos meses de inverno e retraem nos períodos mais quentes, ocorrendo menores volumes de vendas. Comparando o preço da matéria-prima, o preço do café no varejo e o volume de vendas, observou-se que a matéria-prima aumentou até 137% até janeiro de 2022, enquanto o reajuste do café torrado e/ou moído foi mais lento e, somente no segundo semestre de 2022, atingiu o patamar de 100%. O valor do café aumentou até mesmo na cesta básica, com uma porcentagem bem elevada.
As vendas de cafés de alta qualidade apresentaram um aumento no volume em 2022: categoria gourmet (+20%) e cápsulas (+5,5%). O faturamento com a categoria café subiu 35% e foi de 22,57 bilhões de reais, em 2021, para 30,57 bilhões de reais, em 2022.
“Natural que se tenha uma correção em 2023, estamos falando de um mercado maduro, presente em 98% dos lares do Brasil”, disse Pavel Cardoso.
Nova Portaria
A atualização dos Programas de Certificação é motivada pela Portaria SDA 570/2022, em vigor desde 1º de janeiro de 2023, e responsável por estabelecer o padrão oficial de classificação do café torrado. A regulação dá espaço para a atuação de órgãos de defesa do consumidor, como PROCONS e o Ministério Público (MP), agirem contra denúncias de fraude no produto.
Serão duas principais alterações. A primeira se trata da unificação dos selos de Pureza e Qualidade. Um café pode ser puro, ou seja, não conter elementos estranhos, mas, ainda assim possuir qualidades desagradáveis ao consumidor. Antes esses cafés podiam obter o Selo de Pureza. Agora, não existirá mais apenas o Selo de Pureza. Graças à unificação, não basta o café ser puro, ele precisa também atingir o padrão mínimo de qualidade estabelecido pela Portaria 570 para ser certificado e conquistar o Selo da ABIC.
A segunda novidade é a consequência dessa unificação. Os produtos que não atingirem os requisitos mínimos de qualidade exigidos pela norma poderão ser comercializados e deverão ser identificados, na embalagem, como “Fora de Tipo”, entretanto estes produtos não receberão o Selo da ABIC. Dessa maneira, somente produtos acima do nível mínimo de qualidade serão certificados pela Associação.
“Estamos subindo a régua. Por um lado, os consumidores estão cada vez mais maduros e exigentes, por outro, há o esforço da indústria em buscar constantes melhorias. O mercado está preparado e a Portaria 570 só vem para fortalecer esse movimento em prol da qualidade do café”, afirma Pavel Cardoso, Presidente da ABIC.
Para acompanhar as novidades do segmento, a ABIC passou a ser uma entidade credenciada pelo Ministério da Agricultura MAPA para realizar a classificação do café torrado e moído e segue com o papel de apoiar o setor neste novo momento e defender a qualidade e o consumidor, reforçando a credibilidade conquistada ao longo de quase meio século.