Botões florais do cafeeiro se autoprotegem do calor e da seca

Notícias recentes mostram que, em várias regiões cafeeiras de Minas Gerais e São Paulo, uma crosta branca está aparecendo com muita frequência sobre os botões florais, que na sequência se esfarinha e origina minúsculos grânulos de aspecto pulverulento que se aderem aos botões, cobrindo-os parcialmente. Afastadas as questões de doenças e de pragas, esse fenômeno, provavelmente, está ligado à resposta do cafeeiro às altas temperaturas e a seca que castigam há muito tempo as lavouras nessas regiões.

As cinco pétalas que compõem o botão floral estão fundidas umas às outras, o que dá a flor a aparência de um tubo de coloração amarelo claro na pré-antese, e são constituídas de tecidos extremamente lábeis e sujeitos a danos estruturais por causas externas, mesmo àquelas mais fracas como o vento ou o toque com os dedos.

Como forma de proteção das floradas, os botões florais, a exemplo das folhas e ramos dos cafeeiros, são cobertos por uma mistura complexa de lipídeos na forma cristalina e insolúvel em água, comumente chamada de cera. Essa película lipídica os protege contra a perda excessiva de água, altas radiações, dessecação pelo calor e queima por produtos, especialmente os sais aplicados nas pulverizações. Quando o calor e a seca são excessivos, essa camada protetora desseca e se quebra, originando grânulos que serão lavados com a volta das chuvas. Portanto, essa autoproteção da florada, imposta pela cerosidade do botão floral, é um aspecto de resiliência do cafeeiro para garantir a viabilidade de suas estruturas reprodutivas e o pegamento da florada.

Neste ponto, sempre é bom destacar que as chuvas que caíram nas principais regiões cafeeiras devem, daqui a poucos dias, abrir uma florada, que se espera concentrada. Apesar do bom volume das chuvas para o estímulo da florada, ela foi insuficiente para repor a água do solo, que ainda permanece em déficit. Portanto, para que possamos comemorar essa florada como um prenúncio de uma boa safra, é necessário que as chuvas continuem e que as temperaturas se arrefeçam de forma a garantir não só o vingamento das flores, mas também o desenvolvimento e a permanência dos chumbinhos nas plantas.

Fonte: Guy Carvalho

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