Agosto foi de baixa para commodities agrícolas

Soja e açúcar apresentaram as quedas mais acentuadas

No mês que se encerrou, a maior parte das commodities agrícolas registrou queda nas bolsas internacionais. Dentre elas, soja e açúcar — cujas produções o Brasil lidera — destacaram-se pelas quedas mais acentuadas, mostra acompanhamento do Valor Data.

A tendência de recuo dos preços futuros da soja ganhou força diante das projeções cada vez mais otimistas para a colheita nos EUA. Com isso, caíram abaixo de US$ 10 em agosto na bolsa de Chicago, o que não ocorria há quase quatro anos. No caso do açúcar, a alta em Nova York, logo após incêndios em canaviais paulistas, não foi suficiente para mudar a tendência de queda em agosto, reflexo do clima favorável para a produção na Ásia.

Segundo o Valor Data, em agosto, os contratos de segunda posição da soja caíram 8,96%, para US$ 9,8459 o bushel, na média. O desempenho foi influenciado pelo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que estimou colheita de 124,9 milhões de toneladas de soja no país na safra 2024/25, um recorde. O número ficou acima das 121,63 milhões esperadas por analistas.

Para Daniele Siqueira, analista da AgRural, os dados do USDA apenas reforçaram a percepção do mercado, já que o clima beneficiou o desenvolvimento da safra no país. Ainda segundo ela, dúvidas sobre a demanda pela soja americana e fatores macro mantiveram os fundos de investimento na ponta de venda em Chicago, ou seja, apostando na queda das cotações.

Também em Chicago, os contratos de segunda posição do milho caíram 2,29%, para uma média de US$ 3,9744 o bushel. Segundo Siqueira, os estoques de passagem elevados de milho nos EUA têm feito os fundos manterem muitas posições vendidas na bolsa.

O trigo foi outra commodity a recuar em agosto, reflexo de uma temporada sem percalço em relação ao clima. Os papéis de segunda posição caíram 2,55%, para US$ 5,5123 o bushel, em média.

Na bolsa de Nova York, as preocupações com a produção de açúcar no Brasil — após os incêndios em canaviais — não sustentaram uma valorização do produto. Assim, as cotações fecharam em queda de 4,68%, para 18,73 centavos de dólar por libra-peso, em média.

Na avaliação de Marcelo Filho, analista de inteligência de mercado da StoneX, as queimadas não resultaram em alta para o açúcar, pois ainda não está claro o tamanho da perda causada pelo fogo.

Ainda segundo ele, a despeito da seca que afeta lavouras no Centro-Sul, o rendimento dos canaviais está acima do esperado. “No acumulado da safra até julho, a produtividade caiu 6%, enquanto a nossa expectativa é para uma queda de 9%. Pode ser que a partir de setembro caia drasticamente, mas até o momento o dado surpreende”, afirma.

Nesse cenário, as condições climáticas favoráveis na Índia, segundo maior produtor mundial de açúcar, pesaram mais. “Os fundos ficaram acomodados com essas notícias sobre as safras no Brasil e na Índia, e preferiram especular pelo lado das quedas em Nova York”, diz Marcelo Filho.

cacau, que chegou a bater US$ 11,8 mil em abril, voltou a cair em agosto em Nova York, com a melhora no regime de chuvas no oeste da África, principal região produtora. Os contratos recuaram 3,10%, a US$ 7.261 a tonelada, na média. No algodão, os contratos de segunda posição caíram 2,40%, negociados a uma média de 68,66 centavos de dólar por libra-peso.

Também em Nova York, os contratos de suco de laranja concentrado e congelado subiram 2,65%, a US$ 4,4225 a libra-peso. Já os futuros de café tiveram alta de 1,94%, para uma média de US$ 2,4066 a libra-peso. A valorização reflete a preocupação com clima seco em cafezais do Brasil, além de episódios pontuais de geada.

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