O Valor da Produção Agropecuária (VPA) estimado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) apresenta, preliminarmente, os resultados econômicos das principais atividades da agropecuária paulista de 2018, constituindo-se em fonte de subsídios para tomadas de decisão no âmbito das cadeias produtivas da agropecuária e na economia de maneira geral, podendo servir de parâmetro para os diversos agentes econômicos e também para os órgãos do governo, na definição e implantação de políticas públicas.
Para o cálculo do VPA, os dados da produção vegetal e animal de 50 produtos selecionados foram obtidos dos cinco levantamentos de previsão e estimativas de safras efetuados anualmente em todos os municípios do estado pelo IEA e pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado1,2,3,4.
Os preços médios mensais correntes recebidos pelos produtores de janeiro a dezembro de 2017 e de janeiro a setembro de 2018 foram obtidos no Banco de Dados do IEA5. Os preços dos produtos olerícolas e das frutas, exceto os de batata, cebola, mandioca para mesa, tomate, banana, laranja e tangerina são da Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP)6, ponderados por variedades para cada espécie e decompostos a partir dos preços de venda do atacado. Os produtos foram classificados conforme suas peculiaridades em cinco grupos: Produtos para Indústria, Produtos Animais, Frutas Frescas, Grãos e Fibras e Olerícolas. A variação do VPA dos produtos considerados foi calculada com base em índices de preços e quantidades obtidos com base na fórmula de Fisher (base 2017=100)7.
A estimativa preliminar do VPA paulista em 2018 resultou em R$ 74,03 bilhões, acusando uma queda de 2,81% relativamente ao obtido no ano anterior. Excluindo-se a cana-de-açúcar, o VPA total do estado apresentou ligeiro acréscimo de 0,87% conforme analisado na Tabela 1. Em termos reais, quando deflacionados os preços pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)8, base outubro, a redução da estimativa preliminar do VPA paulista foi de 6,51%, influenciada fortemente pela queda de 8,14% observada no VPA da cana-de-açúcar, cuja participação no VPA total do Estado foi de 38,61%. Entre os dez primeiros produtos do ranking de VPA do estado, também apresentaram redução os VPAs da laranja para indústria, terceira posição no ranking, precedida pela cana-de-açúcar e pela carne bovina (-2,04%), e sucedida pelos ovos de galinha na sexta posição (-4,76%) e pelo leite na nona posição (-5,75%).
O grupo de Produtos para Indústria acusa um decréscimo de 5,91% no VPA atual. Dos produtos que o compõem, todos resultaram em valores da produção menores, relativamente ao ano anterior, principalmente por conta de menores preços recebidos pelos produtores na atual safra agrícola. A queda não foi maior por conta do expressivo aumento verificado no VPA do café beneficiado (23,05%), causado pelo crescimento da produção, por causa da bienalidade.
Entre os cinco grupos de produtos considerados, apenas o de Grãos e Fibras apresentou crescimento do VPA (15,56%) com consequente aumento de sua participação no VPA total do estado, que evoluiu de 9,50% para 11,30%. A soja, cujo VPA ocupa a 5ª posição no ranking estadual, apresentou aumento tanto de produção quanto de preço, respectivamente de 14,78% e 6,04%. O preço médio do milho acusou aumento de 29,83%, compensando a queda de 9,41% no volume produzido, chegando o seu VPA a 17,62% maior que o obtido em 2017. O trigo e o sorgo tiveram seus preços médios majorados em 32,91% e 34,11%, respectivamente, compensando largamente as reduções verificadas na produção, efetivando aumentos nos respectivos VPA de 28,25% e 30,52%. Da mesma forma, a queda de 4,63% no preço médio recebido pelo produtor de amendoim foi compensada pela elevação de 14,99% no volume produzido. Por outro lado, o preço médio do feijão apresentou queda de 21,19% o que implicou em uma redução de 18,94% em seu VPA. Dos grãos considerados o feijão e o arroz foram os únicos que apresentaram queda de VPA.
O grupo de produtos que apresentou a maior queda de VPA em 2018 foi o das Frutas Frescas, 8,90%. Neste grupo a laranja de mesa e a banana são as únicas que, via de regra, figuram entre os dez produtos de maior VPA; contudo, a banana, que em 2017 figurava na 10ª posição, caiu para 11ª em 2018 depois de uma queda de 14,78% em seu VPA. O limão, que é a terceira fruta no ranking do estado, acusou uma queda de VPA de 15,19%, basicamente em função de redução de preço (36,65%), uma vez que acusou um aumento de produção de 33,88%. Das 14 frutas consideradas no estudo, 6 apresentaram redução do VPA. O VPA da tangerina foi o que apresentou maior redução, 43,76%.
O VPA do grupo de Produtos Animais foi o que apresentou a menor variação; a estimativa preliminar apontou uma queda de 0,86% entre 2017 e 2018. Dos sete produtos considerados, três apresentaram queda de valor; o ovo de galinha, o leite e o mel. Os dois primeiros basicamente em função de queda de preços, já que ambos apresentaram aumento de produção. O mel foi o produto animal que apresentou a maior queda de VPA, 23,55%, lembrando que sua participação no VPA total do estado é de apenas 0,06%, enquanto que o ovo de galinha e o leite figuram, regularmente, entre os dez produtos de maior VPA do estado, em 2018 na 6ª e 9ª colocação no ranking estadual de São Paulo.
Os dez primeiros colocados no ranking do VPA representaram aproximadamente 83,0% do VPA total do Estado de São Paulo.
1MARTINS, V. A. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2017/18, fevereiro de 2018. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 1-9, abr. 2018. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14453>. Acesso em: out. 2018.
2_____. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2017/18, abril de 2018. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 7, p. 1-11, jul. 2018. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14484>. Acesso em: out. 2018.
3_____. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, ano agrícola 2017/18, junho de 2018. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 8, p. 1-10, ago. 2018. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14505>. Acesso em: nov. 2018.
4CAMARGO, F. P. et al. Previsões e estimativas das safras agrícolas do Estado de São Paulo, intenção de plantio do ano agrícola 2018/19 e levantamento final ano agrícola 2017/18, setembro de 2018. Análises e Indicadores do Agronegócio, São Paulo, v. 13, n. 11, p. 1-10, nov. 2018. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/TerTexto.php?codTexto=14539>. Acesso em: nov. 2018.
5INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA – IEA. Banco de dados. Preços médios mensais recebidos pelos agricultores. São Paulo: IEA, 2018. Disponível em: <http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/precos_medios.aspx?cod_sis=2>. Acesso em: set. 2018.
6COMPANHIA DE ENTREPOSTOS E ARMAZÉNS GERAIS DE SÃO PAULO – CEAGESP. Banco de dados. São Paulo: CEAGESP, 2018. Disponível em: <http://www.ceagesp.gov.br>. Acesso em: set. 2018.
7HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991. 426 p.
8INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Índices nacionais de preços ao consumidor (IPCA). Rio de Janeiro: IBGE, 2018. Disponível em: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultseriesHist.shtm>. Acesso em: nov. 2018.