Sistema de poda para safra zero em cafeeiros equilibra as safras anuais

Por: J.B. Matiello e L. Bartelega – Engs Agrs Fundação Procafé e Celio L. Pereira – Eng Agr e Marcos E. Manoel Tec.
FSH

O sistema de poda safra zero, em lavouras de café, se mostra muito adequado para
equilibrar as safras, ou seja, para uniformizar as produções, entre os anos, nas propriedades.
A poda de esqueletamento/desponte é aplicada em cafeeiros combinando o corte lateral
das plantas, realizado sobre a ramagem produtiva, com o corte superior da haste, ou um decote.
Com esse tipo de poda, se zera a produção no ano seguinte, pois se elimina as partes dos ramos
que iriam produzir na próxima safra. Quando essa poda é aplicada a cada 2 anos o sistema é
chamado de safra zero/safra 100, ou seja, sem safra num ano e safra bem alta no outro.
A poda de esqueletamento/desponte é indicada depois de uma safra alta ou na previsão de
uma safra baixa no ano seguinte, primeiro para reduzir perda de safra, segundo porque cuidar, e,
principalmente, colher lavoura com pouca carga onera muito o custo de produção. Essa regra,
aliás, é válida para todos os tipos de poda. Essa regra deve ser observada no início de uso do
sistema, sendo ideal que, rapidamente, se atinja uma programação de podar cerca de 50% das
lavouras, de uma propriedade, num ano e o restante no outro. Assim vai-se colher, em cada ano,
áreas menores e só lavouras bem produtivas.
A experiência desenvolvida na Fda Sta Helena, no Sul de Minas, mostra que nos últimos
11 anos, já com 5 ciclos de poda do sistema safra zero em cafeeiros, houve boa vantagem no seu
uso e foi possível observar, claramente (figura 1) que as produtividades e as safras se equilibraram
ao longo dos anos e num bom patamar. Com uma área de lavouras de café de pouco mais de 200
ha a Fazenda tem alcançado safras na faixa de 9 – 10 mil sacas/ano, portanto, com produtividade
global da área acima de 40 sacas/ha e, em cerca da metade das lavouras, naquelas que se
encontram nos anos de safra, produzindo na faixa de 80-100 scs/ha.
Na mesma figura 1 pode-se ver como vinham as produtividades e, consequentemente, as
safras, nos 10 anos, a partir de 2000, anteriores à adoção do sistema safra zero. Verifica-se, nesse
período, a tradicional bienalidade produtiva, típica da cafeicultura brasileira de café arabica,
cultivada a pleno sol. Essa variação é devida a que, na condição de um ano de boa safra as plantas
se esgotam e não tem boa capacidade para o crescimento da ramagem nova, necessária para a
safra seguinte. Assim, zerando a produção baixa e programando uma alta, através da poda, além
das vantagens de redução de custos, tem-se aquela de equilibrar as safras anuais, facilitando no
fluxo de rendas do produtor.
Para finalizar, citamos as condições básicas para o sucesso na adoção do sistema safra zero
– contar com lavouras com bom espaçamento, com maior número de plantas por área, começar as
podas antes de perda significativa de saia, podar o mais cedo possível no pós-colheita, e podar um
pouco mais longo e alto, observando a condição da ramagem e o espaçamento.

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