Dois telespectadores enviaram perguntas ao Giro do Boi sobre manejo adequado para a integração lavoura-pecuária. As questões foram respondidas nesta quarta, 03, pelo engenheiro agrônomo Wagner Pires, pós-graduado em pastagens pela Esalq-USP e consultor do Circuito da Pecuária Wagner Pires, autor do livro “Pastagem Sustentável de A a Z.
A primeira dúvida é de Aguinaldo Manhezo, de Sinop-MT, que questionou quantos quilos de semente de Brachiaria ruziziensis ele deve usar para fazer a integração lavoura-pecuária.
“Essa é uma pergunta um tanto delicada porque existe muita variação na qualidade da semente vendida no Brasil, não existe um padrão fixo, as empresas mexem muito, mudam muito isso. Mas a orientação que eu vou dar pra você é um pouquinho diferente, mas que você vai poder encontrar sua resposta. Quando você compra a semente, ela tem um valor cultural. O que é isto? É a Germinação x Pureza / 100. Este é o valor cultural. Você vai verificar lá no corpo da nota qual é o valor cultural da semente que você está comprando, na hora de comprar. Você vai pegar 500 dividido por este valor cultural, a quantidade que der é a quantidade de quilos que você deve usar, está certo?”, solucionou o agrônomo.
Aguinaldo também perguntou se a semente pode ser distribuída a lanço na mesma época do plantio do milho. O agrônomo respondeu a pergunta, o que serviu também para a questão enviada por Hélder Borges, de Mineiros-GO, que quer saber como evitar a competição inicial da braquiária com o milho.
“Você pode distribuir, sim, está certo? O que você vai precisar fazer, às vezes, é aplicar uma atrazina logo em seguida para dar uma segurada. No caso da Ruziziensis, segurar um pouco a braquiária, retardar o desenvolvimento inicial dela, a germinação, para depois ela sair para não dar tanta competição com o milho. Ou então uma outra alternativa seria você aprofundar um pouquinho esta semente, passar a esparramadeira distribuindo a semente, incorporar a semente com uma grade dando uma enterradinha de leve nela aí, uns 3 ou 4 centímetros, e aí a germinação atrasa um pouquinho em relação ao milho”, recomendou o especialista.
“Se você faz a semeadura da braquiária logo junto com o milho no plantio, você corre o risco de ter uma competição maior para o milho. Porém você vai ter uma formação melhor da Ruziziensis. Então isso aí você tem que avaliar o que você quer mais, o que é mais importante: ter uma boa safra de milho ou você ter uma boa formação da sua ruziziensis?”, esclareceu Pires.
“Eu gosto muito de fazer no plantio junto com o milho, fazer já uma operação só, mas nada impede que você faça na cobertura. Eu já fiz muita integração lavoura-pecuária com bom resultado onde na cobertura do milho nós fizemos a distribuição a lanço da braquiária. Isso dá resultado também, ela germina começa a se desenvolver, depois ela dá uma paralisada, quando você colhe o milho, ela termina de desenvolver rapidamente a aí você vai poder usar a braquiária na sequência”, concluiu Wagner Pires.
Fonte: Giro do Boi