Produção de cafés especiais quase dobra em três anos no Brasil

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 12-06-2013, 09h00: Plantação de café onde pesquisadores da Embrapa estudam os efeitos do aquecimento terrestre e o do aumento de CO2 na atmosfera no comportamento das plantas. O estudo pretende prever como será o comportamento de pragas, doenças e plantas invasores diante dessas mudanças. (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Enquanto a maior parte dos produtores brasileiros se preocupa com a queda das cotações internacionais do café, um grupo seleto de cafeicultores não vê os preços em baixa. São os que produzem os cafés especiais, cuja demanda no país não para de crescer. E a produção também. Quase duplicou em três anos, passando de 5,2 milhões de sacas, em 2015, para 9,4 milhões, em 2018.

“Um café acima de 87 pontos, de uma fazenda já reconhecida no mercado internacional, não tem o preço atrelado às cotações internacionais. Esse pessoal não está nem aí para a bolsa”, afirma a diretora-executiva da Associação Brasileira dos Produtores de cafés Especiais (BSCA, sigla do nome em inglês), Vanusia Nogueira.

Os chamados cafés especiais, que oficialmente devem ser classificados acima de 80 pontos, representaram no ano passado mais de 15% da produção total brasileira, que também foi recorde, com 61 milhões de toneladas. “Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil também é o principal fornecedor de cafés especiais, já ultrapassou a Colômbia”, acrescenta Vanusia.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor médio da saca da variedade arábica ficou em torno de R$ 380 a R$ 390 em maio. Já o valor da saca dos cafés especiais podem passar facilmente de R$ 1 mil.

Demanda nacional em forte expansão

Entretanto, não é um caminho fácil até chegar lá. Além de muitas vezes o produtor ter de renovar a lavoura, para melhorar a qualidade, são necessários cuidados extras com o solo, acompanhamento do processo de colheita, para retirar os grãos maduros no ponto certo, e atenção especial ao processo de secagem. “Para esses cafés, os grãos colhidos hoje não podem secar junto com os da semana passada. Precisa de uma infraestrutura maior, mais investimentos”, explica a diretora da BSCA.

Vanusia explica que, por esses motivos, os produtores que sentem os lucros caírem com o café comum não podem migrar de repente para o café especial e esperar reverter as perdas no curto prazo. Ela ressalta ainda que o mercado premium está cada vez mais exigente, com exigência de pontuação mais alta do que os 80 pontos. “Atualmente, um café de 83 pontos já não é raridade e o mercado remunera pouco a mais”.

No mercado brasileiro, Vanusia ressalta que a demanda pelos cafés especiais cresce em ritmo muito acelerado. Segundo dados da associação, no ano passado, o consumo interno foi de 700 mil sacas. Vanusia diz ainda que a expectativa de chegar a 1 milhão de sacas comercializadas no país, prevista para 2021, já pode ser vislumbrada para este ano.

Já pelo lado da produção, a executiva alerta que em 2019 não é esperado crescimento como o que ocorreu no ano passado por causa do clima. “Ano passado foi extraordinário. Teve um período de chuvas uniforme e seca na colheita, que é no inverno. Esse ano não está assim”, pondera ela, lembrando que o café é uma cultura bianual e que, mesmo assim, o patamar de 9 milhões de sacas pode se repetir em 2019.

Fonte: Sociedade Nacional de Agricultura/SAFRAES

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