O mercado de laticínios a cada dia busca soluções para facilitar a vida de quem tem restrição ao consumo de leite e seus derivados. E foi pensando neste público que a produtora Elimar Cândida Gomes decidiu investir na produção de queijos feitos com leite tipo A2. A dona da queijaria Lagoa, em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, por enquanto, é a única que comercializa este tipo de leite na região.
Elimar está tendo um ótimo resultado e pretende expandir a atividade. “Nosso objetivo é aumentar a produção e conseguir também a certificação do leite A2A2”, conta. Produzindo cerca de 150 litros de leite por dia, a pecuarista não teve nenhuma dificuldade no manejo das vacas da raça Gir, com genótipo A2A2.
De acordo com a extensionista da Emater-MG, Cíntia Maciel Moreira, este tipo de rebanho não exige cuidado especial já que a diferença está relacionada à genética. No entanto, é importante realizar a ordenha separada, caso exista também animais de genótipo diferente, e ter cuidados em relação ao cruzamento, para que não ocorra perda das características.
A extensionista explica que para saber qual o genótipo do rebanho é necessário realizar exames laboratoriais, “sendo que as raças mais propensas são a Zebuína, Guzerá, Sindi, Gir, entre outros. Esses animais podem ser adquiridos também em feiras”, ressalta.
O gado A2A2 não possui um preço diferenciado no mercado e a demanda por parte dos laticínios ainda é pequena. Assim, o produtor que deseja comercializar apenas este tipo de leite, pode realizar o beneficiamento do produto e derivados na própria fazenda, como faz Elimar.
A diferença do leite A2
Os rebanhos podem apresentar três tipos de genótipos para a produção de beta-caseína, que é uma proteína do leite. São eles: A1A1, A1A2 e A2A2. Os animais de genótipo A1A1 e A1A2 produzem leite com a beta-caseína A1 e A1A2, respectivamente. Já aqueles com genótipo A2A2 produzem leite somente com a beta-caseína A2.
Segundo o gastroenterologista, André Alfredo, à beta- caseína A1 é responsável pelo desconforto que muitas pessoas sentem ao ingerirem leite e derivados. Assim, esses pacientes apresentam intolerância à esta substância.
O leite A2, por não ter esta proteína, não provoca essas reações. “A beta-caseína A2, por ser de fácil digestão, possibilita que as pessoas que têm restrição a beta- caseína A1 consigam consumir lácteos sem sentirem incômodos”, explica.
O médico alerta que muitos pacientes diagnosticados como intolerantes à lactose, podem estar reagindo à proteína A1. Por isso, é importante procurar um profissional para fazer uma verificação mais aprofundada e obter um diagnóstico correto, podendo assim consumir o produto mais adequado para o tipo de restrição.
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Fotos: Queijaria Lagoa