Estimativa da Produção Animal no Estado de São Paulo para 2019

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria do Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), realizaram em junho de 2019 levantamento por município de estimativa da safra agrícola e da produção animal para o Estado de São Paulo.

Os levantamentos da produção animal são realizados duas vezes por ano, em junho e novembro. Assim, o levantamento de junho apresenta a primeira estimativa para os resultados da produção animal no ano de 2019. Os técnicos das Casas de Agricultura (CAs), pela sua interação com o meio produtivo de seu município, transcrevem para os dados levantados as expectativas do setor em termos de produção.

Base para a produção de ruminantes, a área com pastagem no Estado apresentou ligeiro decréscimo sobre 2018 (0,22%), atingindo 6,55 milhões de hectares, seguindo a tendência dos últimos dois anos (Tabela 1). Esse decréscimo deve-se à provável perda de área de pastagem para outras culturas. A ponderação entre a participação positiva nas áreas destinadas ao capim para semente (21,66%) e pasto cultivado (0,09%), em contraponto a uma redução na área de pasto natural (2,63%), resultaram no pequeno decréscimo na área total de pastagem.

O número total de bovinos no Estado de São Paulo é de 10,33 milhões de cabeças em 2019, resultado 0,52% menor em relação a 2018 (Tabela 2). Os dados desagregados e classificados por aptidão do rebanho mostram que o número de bovinos de corte decresceu 3,57%, e o número de bovinos para leite, com o total de 1,08 milhão de cabeças previsto no levantamento de junho de 2019, deve apresentar uma diminuição de 2,73%. Conforme os últimos cinco anos o rebanho leiteiro tem decrescido e o levantamento de novembro de 2019 deverá confirmar ou não essa previsão. Na categoria gado misto, nota-se um crescimento no plantel de 7,26% em relação a 2018, com registro de 3,05 milhões de cabeças em junho de 2019.

Do rebanho bovino estadual voltado à produção de carne, estima-se que 3,69 milhões de cabeças podem ser enviadas para abate em 2019; este número é 0,25% inferior ao verificado em 2018. Com o rebanho bovino no Estado de São Paulo na casa dos 10 milhões de cabeças, o número de animais que pode ser enviado para o abate não tem apresentado grandes variações nos últimos anos. Caso realmente os animais aptos sejam abatidos, espera-se uma oferta de 62,88 milhões de arrobas ou 943 mil toneladas de carne bovina para o Estado de São Paulo (Tabela 3).

A produção leiteira estimada para 2019 é de aproximadamente 1,78 bilhão de litros, com acréscimo de 5,36% em relação a 2018. Observa-se nos últimos dois anos um aumento na produção de leite no Estado de São Paulo, que pode significar aumento gradual na produtividade de leite por vaca ordenhada (Tabela 4). Conforme notícias do setor, o custo com a manutenção do rebanho no que se refere a milho e farelo de soja deve pesar menos e favorecer a produção que deve aumentar.

A previsão do plantel paulista de aves para postura previsto ficou em 56,49 milhões de cabeças, e a produção de ovos pode apresentar aumento de 9,38%, totalizando aproximadamente 1,34 bilhão de dúzias (Tabela 5) em 2019. Os números previstos seguem um padrão que o setor apresenta nos últimos anos, o de crescimento moderado do número de aves alojadas e da produção de ovos. O Estado de São Paulo é o maior produtor nacional com 29,4%, conforme o IBGE2. Vale lembrar que, em períodos que a economia é instável, produtos que podem equilibrar mais o orçamento doméstico tornam-se mais requisitados.

Na produção paulista de aves para corte, as estatísticas de previsão de produção para 2019 apontam para um alojamento de 135,10 milhões de aves no mês da pesquisa, e um abate de 690,96 milhões de cabeças estimado para o ano de 2019, equivalendo a uma oferta de 1,57 milhão de toneladas de frango em peso vivo. O volume de carne de frango esperado é superior em 17,41 % ao produzido em 2018. As condições adversas vividas pela avicultura nacional em 2018, cujos efeitos foram sentidos principalmente pela queda nas exportações e pelo consumo refreado em função das condições da economia, implicaram na redução de 2,50% da produção nacional, conforme os dados referentes ao ano de 2018 apresentados pelo IBGE3 na estatística de abate trimestral. A produção de São Paulo com a previsão de junho de 2019, apesar de mostrar um forte aumento percentual frente aos dados do ano anterior, apenas recompõe a discreta tendência de crescimento da curva de produção dos anos anteriores.

O efetivo de suínos previsto para 2019 no estado é estimado em 929,62 mil cabeças, o que significa um acréscimo de 3,96% em relação a 2018. As previsões dos abates totalizaram 1,46 milhão de cabeças, resultando numa produção de 125,96 mil toneladas de carne, que pode significar um crescimento de 21,25% em relação ao ano anterior (Tabela 7). A forte reação da suinocultura paulista pode estar atrelada aos reflexos que o surto da febre suína africana na China vem causando no mercado internacional e no país. O suprimento de carne suína no mercado chinês deverá ser complementado via mercado externo, e essa possibilidade pode também favorecer o aumento nas vendas brasileiras de proteínas animais, dadas as grandes perdas na população suína daquele país. Os efeitos da movimentação no mercado internacional parecem se desdobrar até o Estado de São Paulo, já que a demanda paulista de carne suína e derivados pode ser complementada com a produção de grandes produtores nacionais.

O levantamento por município de junho de 2019 da produção animal do Estado de São Paulo é o resultado das informações originárias das CAs da CDRS. Conforme o conhecimento de seus técnicos, responsáveis pelas informações originais, elas contribuem para formar a previsão de cada Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) que, somados, compõem o total do estado. As principais cadeias de produção de proteínas animais no Estado de São Paulo (bovinos de corte e leite, avicultura de corte e postura, e suínos de corte) lidam com muitas variáveis próprias das atividades que, aliadas às incertezas de mercado, afetam a competitividade neste mesmo mercado no âmbito nacional. Os números de acompanhamento de rebanho e produção prévios estimados para 2019 projetam crescimento discreto ou ainda pequeno decréscimo conforme a categoria animal, o que é coerente com o momento atual da economia brasileira. O ajuste entre as necessidades de consumo interno de proteínas animais e sua produção deve continuar equacionando todas as variáveis que o setor produtivo primário tem de enfrentar. O crescimento da produção paulista estará na dependência de vários fatores: melhores pastagens, animais mais produtivos, insumos disponíveis a preços adequados, boas condições climáticas e condições de estabilidade econômica que agregados determinam o bom desempenho esperado.

O comportamento de cada cadeia do sistema de produção de proteínas animais no território paulista no suprimento proteico da população do estado está inserido no âmbito global, ou seja, um contexto internacional, nacional e estadual. Suas decisões resultam em maior ou menor participação neste mercado.

Fonte: IEA (Instituto de Economia Agrícola)

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