BELO HORIZONTE (27/5/2020) – Depois de trabalhar por dez anos como gerente de uma multinacional, Rodrigo Ramos das Neves decidiu mudar totalmente o seu estilo de vida. Ele pediu demissão para investir em seu próprio negócio: a produção de ovos orgânicos. Segundo Rodrigo, a atividade é trabalhosa, mas o retorno tem sido acima do esperado. Até o fim de 2020, o avicultor pretende aumentar cerca de quatro vezes a produção da sua propriedade, que fica em Delfim Moreira, no Sul de Minas Gerais.
Rodrigo Ramos nunca havia lidado com a produção agropecuária. O interesse pelo setor surgiu quando ele começou a consumir alimentos orgânicos. Rodrigo iniciou com a produção de hortaliças orgânicas, voltada para o consumo familiar. Foi a partir desta experiência, que o produtor resolveu deixar o antigo emprego, em 2017, para comercializar a produção da propriedade. Além de vender para redes de supermercados, ele também faz entregas a domicílio. “A divulgação dos alimentos e o contato com os consumidores são feitos por nossas redes sociais. Os interessados escolhem os alimentos e entregamos sem cobrar taxa”, diz o produtor.
Avicultura Orgânica
No ano seguinte, em 2018, Rodrigo fez uma nova aposta no mercado: a produção e comercialização de ovos orgânicos. O plantel da propriedade dele conta com mil galinhas e a produção chega a 950 ovos por dia. “Antes de iniciar a atividade, eu me prepararei, fazendo cursos na principal empresa brasileira do setor. Além disso, recebi toda a orientação técnica da Emater-MG, que me ajudou em detalhes importantes”, ressalta Rodrigo.
No sítio foi construído um galpão de 250 m², com salas para classificação e armazenagem dos ovos, escritório e dois banheiros. O investimento foi feito com recursos próprios. Os extensionitas da Emater-MG, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), fizeram algumas indicações para garantir o conforto e a boa produtividade das aves.
“O sol deve bater em toda a parte externa do galpão. Nós também sugerimos uma tela de proteção de mais qualidade para evitar predadores e escotilhas adequadas, que facilitem a entrada e saída das aves”, relata Túlio César Meirelles, técnico da empresa de assistência técnica.
As galinhas são criadas no sistema de semiconfinamento. Durante o dia elas ficam soltas, numa área dividida em piquetes e, à noite, retornam ao galpão. “No modelo convencional, as aves ficam presas. No semiconfinamento, as galinhas ficam soltas boa parte do tempo. Elas não ficam estressadas e, isso, contribui para melhorar a produção”, diz Túlio Meirelles.
Os animais recebem ração três vezes ao dia. A primeira refeição é às seis horas da manhã, depois ao meio dia e o ciclo é encerrado às 16 horas. A ração é uma mistura de soja, milho e minerais. “A alimentação é 100% vegetal. Ela não pode ser transgênica e deve ser orgânica. Esses produtos são todos adquiridos de empresas certificadas”, explica Rodrigo Ramos.
Há também um cuidado especial com os ovos. A coleta acontece a cada 10 minutos, evitando que os ovos sejam sujos. Rodrigo também explica que não é feita a lavagem para reduzir os riscos de contaminações. “Quando se lava os ovos, pode acontecer uma contaminação, pois a água utilizada, por exemplo, tem cloro que penetra nos poros dos ovos”, afirma. Para finalizar, os ovos vão para a sala de armazenamento que, segundo o avicultor, deve ser escura para não interferir no período de validade do produto.
A produção e a propriedade do Rodrigo Ramos possuem o selo do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e são certificadas pela Ecocert Brasil e Orgânicos Brasil, ambas credenciadas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “A certificação é uma garantia a mais para os consumidores de que os nossos produtos são de qualidade e realmente orgânicos”, diz.
Mercado
Os ovos também são vendidos como as hortaliças, por meio das redes sociais e entregas a domicílio. Neste caso, cada unidade custa R$ 1,20. A produção de ovos ainda é comercializada com redes de supermercados da região.
Para 2020, Rodrigo Ramos está otimista e pretende ampliar o alcance da sua marca “Lá do Sítio”. Ele já iniciou a construção de um novo galpão e espera aumentar o plantel de galinhas da propriedade para 4 mil aves e a produção para 3,8 mil ovos por dia.
“Eu comecei muito cedo e sempre fui empregado. Então, é muito gratificante você ter uma marca sua e ver ela crescer, sendo bem recebida. Sem contar que tenho mais tempo para passar com a minha família”, relata o Rodrigo.
O produtor ainda destaca que, apesar da pandemia do novo coronavírus, as vendas da sua propriedade aumentaram. “Não estamos conseguindo atender toda a demanda. Nesse período de pandemia, as pessoas estão buscando uma alimentação saudável”.
Ascom Emater-MG
Jornalista: Sebastião Avelar
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