Um gado de pelagem preta e sem chifres promete ser uma nova alternativa de produção de carne para segmentos premium ou gourmet no Brasil. Ainda considerados novidade no mercado brasileiro, os bovinos ultrablack tiveram o primeiro registro autorizado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) em 2017. Atualmente, existem cerca de 700 animais com mais de um ano de idade, de acordo com a Associação Brasileira de Angus (ABA).
A tendência é de crescimento da presença desses animais na pecuária de corte brasileira, afirma o vice-presidente de Fomento da ABA, Luís Felipe Cassol. “Para este ano, a expectativa é de nascer mais de 2 mil animais aptos a receberem registro.” Alguns exemplares da raça foram exibidos na última semana, durante a 57ª edição da Expo Rio Preto, realizada em São José do Rio Preto (SP).
Originário dos Estados Unidos, a ultrablack é uma raça sintética, cruzamento do europeu Angus com a raça Brangus, esta já resultante de cruzamentos entre Angus e zebuínos, como Brahman, Nelore Mocho e Guzerá. Essa mistura origina um gado composto de pelo menos 80% de sangue Angus, o que é considerado o diferencial desse tipo de animal
“Nenhuma raça no Brasil tem essa composição de grau de sangue como o ultrablack. Por isso que foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura”, conta o médico veterinário e gerente de fomento da ABA, Mateus Pivato.
Segundo a Associação Brasileira de Angus (ABA), responsável pelo registro da raça no Brasil, o ultrablack surgiu em 1993, na fazenda Cow Creek Ranch, no Novo México (EUA). Em 1996, os primeiros animais foram comercializados no mercado americano. Dois anos depois, a International Brangus Breeders Association (IBBA) comprou a marca. Os registros foram iniciados em 2005. No mesmo ano, as criações começaram na Austrália.
“O ultrablack surgiu pela necessidade de ter um angus com grau de sangue intermediário entre o puro e o Brangus, necessário para atender a uma demanda em zonas de clima em que o angus puro tinha algum grau de dificuldade de adaptação”, afirma Luís Felipe Cassol.
Essa mistura possibilitou que o ultrablack tenha a rusticidade dos zebuínos, assim se adaptando às altas temperaturas – como a do Centro-Oeste brasileiro –, além de possuir uma carne de qualidade advinda do sangue Angus. “Ele tem uma carcaça mais desenvolvida, assim mantém a qualidade de carne e a adaptação desse animal nos ambientes”, explica o veterinário Mateus Pivato.
Carne superior
Segundo a Associação Brasileira de Angus, a ideia de trazer o ultrablack para o mercado brasileiro foi proporcionar aos pecuaristas mais uma alternativa de produção de carne com qualidade superior. Atualmente, há animais registrados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
O gerente de fomento da ABA, Mateus Pivato, avalia que a produção de carne de gado Angus não consegue suprir a demanda do mercado. O ultrablack chega para potencializar a oferta. “Ele pode ser utilizado em matrizes que são 25% de sangue Angus, gerando um animal em torno de 52% e 53% de sangue, que pode ir para o Programa Carne Angus Cetificada”, explica.
Luís Felipe Cassol acrescenta que a raça tem grande potencial também de cruzamento com fêmeas meio-sangue Angus. “Neste caso, cruzar uma meio-sangue com ultrablack, produziremos animais com 65% de sangue Angus, isso seria um grande passo na maior qualificação da nossa carne certificada”, pontua. A Associação pretende também criar um selo de certificação da carne ultrablack dentro do programa.
Ainda de acordo com a ABA, o ultrablack pode ser utilizado como touro de repasse e se reproduzir por monta natural em regiões mais quentes do Brasil, como Norte e Centro-Oeste. Diferente do que é feito com o touro Angus, para o qual, nessas regiões, só é possível a reprodução via inseminação artificial.
Fonte: Globo Rural