A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reafirmou a importância de defensivos à base de glifosato para a agricultura brasileira, durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Câmara dos Deputados na terça (7).
O consultor da Confederação, Reginaldo Minaré, participou de audiência que discutiu os resultados da reavaliação toxicológica do glifosato, realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência iniciou a reavaliação em outubro de 2008 e, atualmente, encontra-se em consulta pública.
“Ao longo dos anos houve a incorporação de diversas tecnologias na agricultura e pecuária e os defensivos são uma delas. O glifosato é uma ferramenta importante para o produtor rural no Brasil e no mundo e a CNA tem consciência da relevância do produto para o setor”, afirmou Minaré.
O consultor ressaltou que o controle de pragas e doenças é um desafio para o produtor rural de qualquer País, que tem dificuldade de garantir a produção sem o uso dos defensivos. Minaré destacou o trabalho que o Sistema CNA/Senar tem feito para levar assistência técnica e capacitação para o produtor fazer o uso correto dos defensivos usados na lavoura.
“Qualquer que seja o método de produção que o produtor utilizar, é importante que ele tenha assistência técnica adequada e faça o uso seguro. Essas ações estão na linha de frente do Senar hoje, não só por uma questão de se precaver do risco, mas também para tirar o maior proveito desses insumos porque o excesso ou uso desmedido é um aumento na planilha de custos do produtor.”
Daniel Roberto Coradi de Freitas, coordenador de Reavaliação de Agrotóxicos da Anvisa, explicou que a reavaliação é um instrumento de revisão do registro de ingredientes ativos. Ele esclareceu que para se chegar aos resultados da reavaliação, no caso do glifosato, foram feitos diversos pareceres técnicos e estudos.
“Realmente o glifosato é o ingrediente ativo mais vendido no País, porém, a Anvisa não encontrou nenhuma evidência durante a reavaliação que indicasse razões para banir o produto do mercado. Também é importante dizer que não há proibição do uso do glifosato em nenhum país do mundo. Há restrições, mas não banimento.”
A pesquisadora do Grupo de Desenvolvimento e Sistemas Técnicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Letícia Rodrigues, apresentou um comparativo sobre os resultados das agências reguladoras do mundo sobre o glifosato.
De acordo com Letícia, agências reguladoras de países como Alemanha, Canadá, Japão, França e Nova Zelândia, por exemplo, consideram o glifosato como não carcinogênico porque as reavaliações são feitas em produtos técnicos e não nos formulados, que são os usados pelo produtor rural.
Outro especialista ouvido foi o médico toxicologista e especialista da Força Tarefa de Reavaliação do Glifosato, Flávio Zambrone. Ele falou também sobre a reavaliação do produto no Brasil e no mundo e destacou que o debate é importante, mas que as decisões governamentais não podem interferir no avanço da ciência e no progresso da sociedade.
O deputado federal e presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, destacou a importância do debate e afirmou que o Brasil é o que é hoje graças às tecnologias que foram desenvolvidas no País.
“O debate é importante, mas precisamos analisar todos os lados da questão e ver o que o glifosato representa para o País. Na reavaliação da Anvisa ficou claramente demonstrado que é um produto que não agride a saúde humana. Por isso, quando discutimos esse assunto, temos que deixar a ideologia de lado. Temos que ter muito equilíbrio e pensar no País.”
Em relatório divulgado em fevereiro deste ano, a Anvisa publicou nota preliminar informando que não há evidências suficientes que comprovem que o glifosato é responsável por causar câncer, mutações ou malformação congênita. O processo de reavaliação está em consulta pública com previsão para conclusão ao final de 2019.
Fonte: CNA