Entre 70% a 75% das usinas de etanol deverão estar credenciadas para participar do programa RenovaBio até o início da safra 2020/21, que começa em abril, estimou Jacyr Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), da Fiesp, após reunião do grupo ocorrida nesta manhã, que discutiu os rumos do programa.
Quanto à adesão dos produtores de outros biocombustíveis, ele avaliou que pode ser mais lenta a adesão dos produtores de biodiesel que utilizam soja como matéria-prima. “Uma unidade processadora de biodiesel pode ter até 5 mil fazendas fornecendo soja para eles, é de uma complexidade muito grande. Mas deve começar e ir se aperfeiçoando”, disse.
Segundo Aurélio Amaral, diretor geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até o momento cinco empresas passaram por todo o processo de certificação e já têm sua nota de eficiência-energética estabelecida, que equivale à quantidade de Certificados de Descarbonização (CBios) que elas poderão negociar no mercado. Um CBio equivale à uma tonelada de gás carbônico de emissão evitada em relação ao uso de combustíveis fósseis.
Além disso, há mais 176 empresas produtoras de etanol, biodiesel e biometano que estão em processo de certificação.
Ele observou que ainda faltam grandes grupos concluírem sua certificação, como a Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, e as usinas associadas à Copersucar. “Quando entrar um player desses, o impacto em volume de CBios é muito grande. Possivelmente, quando três ou quatro grandes empresas se certificarem, já será atingida a meta do primeiro ano” de negociação de CBios, disse.
Para Costa Filho, que também é diretor da Região Brasil do grupo francês Tereos, “quando os produtores começarem a ver os benefícios do programa, a adesão vai crescer”.
O presidente do Cosag disse que o valor que os produtores de biocombustíveis vão receber com a venda dos CBios deverá ficar, inicialmente, abaixo do preço que é negociada atualmente uma tonelada de carbono na Europa -em torno de 10 euros a 15 euros.
“Não vai ser um valor muito elevado no início porque o programa tem que passar por um período de aprendizado e é bom que passe por esse período sem grandes traumas”, defendeu.
A escrituração dos CBios por parte de agentes financeiros deverá ser regulada com uma nova portaria do Ministério de Minas e Energia (MME), que deverá ser publicada ainda nesta semana, segundo Renata Beckert Isfer, secretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da Pasta.
“O produtor, assim que tiver a comercialização dos CBios permitida, a partir de 24 de dezembro, entra em contato com a ANP que, com base no lastro, vai reconhecer quanto pode ser convertido para CBios. Com essa conversão, ele vai para o escriturador, vai dizer quantos CBios ele vai querer escriturar, e assim o CBio poderá ser comercializado em bolsa”, explicou Isfer.
Em até 15 dias, a ANP deve terminar de colher sugestões a respeito da criação da Plataforma CBio, eletrônica, que reunirá as informações de comercialização dos produtores que servirão de lastro para a emissão dos CBios. “Essa informação é que irá para o escriturador, geralmente um agente financeiro”, disse Amaral.
Fonte: Clipping do SCA