Cecafé propõe debate sobre falsos positivos no EUDR entre governos e academia

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) sugeriu à Comissão Europeia que os falsos alertas de desmatamento gerados por limitações tecnológicas sejam debatidos entre governos e academia, buscando retirar a responsabilidade do setor privado. A proposta foi apresentada durante um painel sobre o Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), realizado em 11 de setembro em Londres, no âmbito da Organização Internacional do Café (OIC).

De acordo com o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, apesar das preocupações com o EUDR, o Brasil se destaca positivamente no cenário internacional devido ao seu robusto arcabouço legal. “Os europeus veem o Brasil como um país avançado, mesmo que reconheçam que ainda há desafios e preocupações”, afirmou Matos.


Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé

No entanto, ele alertou para o risco dos falsos positivos gerados pelas tecnologias da União Europeia, ressaltando a importância de tratar essas divergências de forma técnica, entre governos e instituições acadêmicas, para evitar prejuízos ao setor privado. “Solicitamos à UE que essas questões sejam discutidas em um ambiente que não sobrecarregue o comércio de café”, disse.

A União Europeia, segundo Matos, já reconhece a importância desse debate e se comprometeu a envolver o Brasil em discussões específicas sobre os falsos alertas e o aprimoramento do regulamento.

Impacto no mercado europeu

Durante o painel, Eileen Gordon, secretária-geral da European Coffee Federation (ECF), reforçou a necessidade de reabrir o diálogo sobre os desafios do setor com o EUDR. Ela sugeriu uma nova pesquisa para compreender melhor a percepção dos produtores de café e pediu que a realidade das origens produtoras seja apresentada à Comissão Europeia.

A ECF também demonstrou preocupação com a possibilidade de enfraquecimento do mercado europeu frente à expansão de novos mercados consumidores, destacando a importância de um relacionamento mais estreito com as autoridades responsáveis pela fiscalização do EUDR em cada país da União Europeia.

Brasil e EUA pedem adiamento do EUDR

Paralelamente, o governo brasileiro, ao lado de países como os Estados Unidos, solicitou formalmente à União Europeia o adiamento da implementação da lei antidesmatamento, prevista para o final deste ano. No entanto, Leonard Mizzi, chefe da Direção-Geral de Parcerias Internacionais da Comissão Europeia, reafirmou o prazo final e disse que qualquer mudança dependeria de uma decisão do Parlamento Europeu.

Mizzi garantiu que a Comissão Europeia vai se empenhar para esclarecer todas as dúvidas sobre o EUDR antes do prazo final, previsto para 30 de dezembro.

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