Valor foi de R$ 814,5 bilhões, uma queda de 2,3% na comparação com o ano anterior
O recorde de produção de grãos no país e o aumento da área plantada não impediram a queda do valor de produção das principais culturas agrícolas do país em 2023. É o que mostra a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM 2023), divulgada nesta quinta-feira (12/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor da produção brasileira ficou em R$ 814,5 bilhões, uma queda de 2,3% na comparação com o ano anterior, mesmo com a safra recorde de 316,4 milhões de toneladas de grãos em 2023, uma alta de 19,6% frente a 2022.
O crescimento da área colhida nacional foi de 5,7% entre 2022 e 2023, para 95,8 milhões de hectares. A área plantada subiu 5,5%, para 96,3 milhões de hectares.
“Mesmo com o recorde de produção de grãos, caiu em 2,3% o valor de produção em termos nominais, por excesso de produtos no mercado, variação cambial e correção de preço”, ressaltou Winicius de Lima Wagner, pesquisador do IBGE responsável pelo estudo.
No ano passado, o dólar caiu 8%, reduzindo os ganhos, em reais, das exportações agrícolas. Além disso, o grande volume produzido contribuiu para manter os preços mais comportados, segurando o valor da produção.
Entre os principais produtos brasileiros, soja, cana-de-açúcar, milho e algodão registraram recordes de produção na série histórica, iniciada em 1974.
A pesquisa apontou que houve resultados variados no valor de produção de acordo com a cultura. A soja teve alta de 25,4% na produção, para 152,1 milhões de toneladas, em 2023 ante o ano anterior, e avanço de 0,4% no valor da produção na mesma comparação — para R$ 348,6 bilhões. Em sentido contrário, o milho e o café viram o valor da produção recuar.
O milho teve queda de 26,2% no valor da produção entre 2022 e 2023, para R$ 101,8 bilhões, apesar da alta de 20,2% na quantidade produzida, para 131,9 milhões de toneladas. Comportamento semelhante teve o café, cuja quantidade subiu 7,1%, para 3,4 milhões de toneladas, enquanto o valor caiu 15,2%, para R$ 44 bilhões.
A segunda cultura com maior valor de produção foi a cana-de-açúcar, com R$ 101,9 bilhões, uma alta de 8,5% frente a 2022, enquanto o volume subiu 7,8%, para 782,5 milhões de toneladas.
Também houve queda no valor da produção do algodão (-9%), feijão (-5,4%) e trigo (-51,2%).
No grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas, as produções de soja, milho e arroz, somadas, responderam por 93,1% do volume total. Foram 152,1 milhões de toneladas de soja; 131,9 milhões de toneladas de milho; e 10,2 milhões de toneladas de arroz.
O valor de produção apenas de cereais, leguminosas e oleaginosas foi de R$ 524,8 bilhões — 7,9% menor que em 2022 —, enquanto a quantidade foi de 316,4 milhões de toneladas, alta de 19,6%.
O IBGE também destacou a produção de frutas, que em 2023 somou R$ 76,1 bilhões de valor de produção, uma alta de 16,7% ante 2022.
Exportações
Em termos de mercado externo, foram exportadas 101,9 milhões de toneladas de soja, novo recorde da série histórica, enquanto o produto foi o que teve maior participação individual na pauta geral de exportação brasileira, com 15,7%, e maior fatia das exportações do agro, com 65,3% do total. A China comprou 73% da soja exportada pelo Brasil.
O milho teve aumento de 29,4% no volume exportado entre 2022 e 2023, para 55,9 milhões de toneladas. O Brasil foi o maior exportador mundial, sendo também o segundo maior produtor, atrás apenas de Estados Unidos e China.