Brasil continua sendo um dos mais competitivos na pecuária mundial

A Conferência do Agri Benchmark Beef (evento anual que reúne pesquisadores do mundo todo para comparar e discutir dados zootécnicos e econômicos da pecuária de corte de diferentes países) realizada neste ano – de forma on-line – mostra que a pecuária de corte brasileira segue se destacando no comparativo mundial. Aqui ressalta-se que, nesta Conferência, o Brasil é representado pelo Cepea em conjunto com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Mais uma vez, observa-se que as fazendas brasileiras, seja na produção de bezerros, seja na engorda dos animais, estão na lista das mais competitivas do mundo, com os menores custos de produção. Nesse sentido, o País reforça seu importante papel de fornecedor mundial de carne, ajudando a garantir a segurança alimentar. De modo geral, verifica-se que a atividade pecuária nacional vem evoluindo em quatro pilares da produção: genética, pastagem, sanidade e nutrição. No entanto, fica evidente, também, que o Brasil precisa melhorar alguns indicadores zootécnicos, o que resultaria em aumento da produtividade e em consequente redução ainda maior dos custos. O relatório do Agri Benchmark Beef, que traz os resultados de 2019, mostra que sete das 10 fazendas com os menores custos na produção de cria estão na América do Sul, sendo estas na Argentina, Brasil, Colômbia e Uruguai. E dentre todos os países participantes, o menor custo é verificado em uma fazenda do Cazaquistão. Considerando-se apenas as propriedades dedicadas à cria da América do Sul, a que registra o menor custo é a da Argentina, com US$ 80,95/100 kg de peso vivo (PV). No Brasil, a propriedade mais competitiva produz um bezerro ao custo de US$ 98,30 – o País participa com dados de seis fazendas típicas de importantes regiões pecuárias, com os custos do sistema de cria variando entre US$ 98,30 e US$ 216/100 kg de PV. Estes menores valores estão atrelados aos custos mais baixos na produção de alimentos, baseado na pastagem – característica do Brasil – com a disponibilidade da terra. Já na outra ponta, das 10 fazendas típicas com os maiores custos na produção de bezerro, nove são europeias, variando entre US$ 537 e US$ 2.120/100 kg de PV. Os maiores custos são verificados em fazendas típicas da Suíça, Áustria, República Checa e Alemanha. Uma fazenda da Tunísia também está entre as 10 com maiores custos, calculado em US$ 611,39. Para a engorda, o cenário não é diferente, com custos mais baixos em países sul-americanos e elevados nos europeus. Os gastos variam entre US$ 141,47 na Argentina e US$ 3.182 por 100 kg de PV na Suíça. Entre as 10 fazendas típicas com os menores custos de produção, oito estão na América do Sul (Argentina, Brasil, Colômbia e Paraguai) e duas da África (Namíbia e África do Sul), com os valores variando entre US$ 141,47 e US$ 257,83 por 100 kg de PV. O Brasil aparece com duas fazendas típicas entre as 10 de menores custos, variando de US$ 211,08 a US$ 234,48/100 kg de PV. Já para as fazendas de maiores custos, 10 delas apresentam valores acima de US$ 800/100 kg de PV, variando de US$ 841 na República Tcheca a US$ 3.182/100 kg de PV na Suíça. Além do custo da terra, o encarecimento se deve aos gastos com silagem. Uma fazenda do Marrocos e outra da Austrália completam os países com os mais elevados custos. Na comparação dos dados de engorda, o Brasil participa com dados de oito fazendas típicas, com os custos desse sistema variando entre US$ 211 e US$ 711,5/100 kg de PV. Essa ampla diferença se deve aos distintos fatores de produção empregados em sistemas de engorda brasileiros e à região pecuária. O que chama a atenção nas fazendas brasileiras de engorda é que há uma com o sistema a pasto (US$ 211,08/100 kg PV) e outra com terminação em confinamento (US$ 234,48/100 kg PV) com pouca diferença nos custos, o que evidencia a eficiência na produção de confinamentos brasileiros. Dentre todas as propriedades mundiais com engorda em confinamento representadas no Agri Benchmark, apenas três (Argentina, Colômbia e Namíbia) apresentam custos inferiores aos do Brasil. Já para a engorda em pastagem, somente duas fazendas – uma na Argentina e outra na Colômbia – são mais competitivas que a brasileira. Vale lembrar que o rebanho bovino na Argentina é um pouco superior a 50 milhões de cabeças, e na Colômbia, ao redor de 25 milhões de cabeças, segundo dados do USDA. Já o rebanho brasileiro é estimado em 214,7 milhões de cabeças pelo IBGE. Thiago Bernardino de Carvalho – Pesquisador do Cepea Fonte: CEPEA

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