Fonte: Café Point
A reunião realizada no domingo (26), em Kuala Lumpur, entre os presidentes dos EUA e do Brasil, Donald Trump e Lula, reacendeu temporariamente as esperanças de reaproximação entre os dois países. No entanto, as declarações agressivas de Trump contra a Colômbia e as ameaças de novas tarifas sobre exportações latino-americanas acabaram ampliando a volatilidade nas bolsas de Nova York e Londres, em um cenário já marcado por estoques baixos e embarques em queda.
De acordo com o Boletim Carvalhaes, divulgado na noite de sexta-feira (31), as expectativas em torno do encontro haviam elevado as especulações no mercado. O objetivo da reunião era discutir uma possível redução — ou até anulação — do tarifaço de 40% imposto pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros, incluindo o café. Entretanto, o tom adotado por Trump em relação à Colômbia e à Nicarágua aumentou as incertezas entre os operadores internacionais.
As dúvidas climáticas que continuam a afetar países produtores, os baixos estoques globais e a queda expressiva nas exportações do Brasil ao longo do ano acentuaram a insegurança de cafeicultores, exportadores e indústrias torrefadoras.
Na sexta (24), após mais uma semana de fortes oscilações, as cotações do arábica na ICE Futures US encerraram em queda acentuada, enquanto as do robusta, na ICE Europe (Londres), terminaram com leve valorização. No balanço semanal, ambas as bolsas registraram ganhos modestos, sustentados por movimentos especulativos.
Contratos de arábica
Os contratos de arábica com vencimento em dezembro na ICE Futures US oscilaram fortemente, com amplitude de 1.435 pontos entre máxima e mínima. Atingiram o pico de US$ 4,1430 por libra peso, mas encerraram o pregão em US$ 4,0300, com queda de 715 pontos (1,74%).
Na semana anterior, haviam acumulado alta de 555 pontos (1,40%), enquanto em 2025, até o fechamento do mês, somavam valorização de 11.365 pontos, equivalente a 39,28%.
Contratos de robusta
Na ICE Europe, os contratos para novembro chegaram à máxima de US$ 4.609 por tonelada, encerrando a sexta-feira a US$ 4.571, com ganhos de US$ 17 (3,9%). Apesar da leve alta semanal, o mercado de robusta manteve-se instável, refletindo o cenário global de incerteza e a influência do câmbio.
Estoques certificados
Os estoques certificados na ICE Futures US continuaram em queda, atingindo 447.773 sacas no dia 31, uma redução expressiva em relação às 839.910 sacas registradas há um ano. Em 2025, o acumulado de retração chegou a 54,3%, com diminuição de 532.194 sacas.
Mercado físico
No mercado físico brasileiro, os compradores elevaram suas ofertas ao longo da semana, mas a forte volatilidade nas bolsas internacionais dificultou o fechamento de negócios. Muitos produtores optaram por reter o produto, aguardando maior estabilidade. Ainda assim, houve demanda firme para cafés de todos os padrões de qualidade.
Embarques e certificados de origem
Até o final de outubro, os embarques brasileiros somaram 2.655.383 sacas, abaixo das 2.908.278 registradas no mesmo período de setembro. Já os pedidos de emissão de certificados de origem atingiram 3.064.570 sacas, também em queda ante o mês anterior.
Resumo
Segundo o Boletim Carvalhaes, o mercado internacional de café encerrou outubro sob forte instabilidade. As oscilações diárias nas bolsas refletiram o impacto direto das tensões comerciais impostas pelos Estados Unidos e das incertezas políticas após a reunião entre Trump e Lula. Apesar das tentativas de reaproximação, o cenário global segue tenso e com perspectivas de preços voláteis para as próximas semanas.