Boletim Carvalhaes: Mercado segue alerta sobre problemas na produção mundial de café.

O Boletim Semanal do Escritório Carvalhaes completa, com a edição de hoje, 2 de junho de 2023, 90 anos de publicação ininterrupta. Leia em nosso site o Boletim Semanal número um, distribuído em 5 de junho de 1933, uma segunda-feira. Foi planejado e redigido por Álvaro Rossmann Carvalhaes e Nelson Rossmann Carvalhaes, titulares do Escritório Carvalhaes nessa época. Temos em arquivo e, em bom estado de conservação, a coleção completa de nosso Boletim Semanal. Álvaro Rossmann Carvalhaes iniciou seu escritório, que foi denominado Escritório Carvalhaes, em 1918. A família Carvalhaes trabalha com café desde o século 19. A Comissária e Exportadora Vicente Carvalhaes tinha escritório em Santos, ao menos desde 1890. Antes desse ano, já eram produtores de café no Sul de Minas, na região de Jacuí e Monte Santo de Minas.

Os operadores no mercado de café continuaram apostando que a nova safra brasileira, com a colheita avançando mais rápido agora em junho, resolverá sozinha os problemas de abastecimento do mercado mundial de café. Ignoram, em suas análises, os indicadores que apontam um preocupante quadro de aperto entre produção e consumo global e estoques mundiais criticamente baixos.

Os contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, e na ICE Europe, em Londres, oscilaram forte por toda esta semana. Em Nova Iorque, na ICE, os contratos para julho próximo bateram hoje em US$ 1,8780 na máxima do dia, em alta de quase 500 pontos. Viraram para o campo negativo e encerraram o pregão em queda de 275 pontos, a US$ 1,8030 por libra peso. Ontem, fecharam em alta de 440 pontos, a US$ 1,8305 por libra peso. Anteontem subiram 155 pontos. Na terça-feira, esses contratos caíram 450 pontos. Na segunda-feira não houve pregão na ICE. No balanço desta semana, esses contratos recuaram 130 pontos. Encerraram a semana passada a US$ 1,8160 por libra peso. No transcorrer do mês de maio, esses contratos caíram 730 pontos. No mês de abril subiram 1.625 pontos.

Na ICE Europe, em Londres, após toda a forte oscilação no correr da semana, os contratos para julho próximo caíram, hoje, 30 dólares, e fecham a semana a US$ 2,575 dólares por tonelada. No balanço da semana, subiram um dólar por tonelada. Fecharam a sexta-feira passada a US$ 2,574 por tonelada.

No mês de maio, os estoques de cafés certificados na ICE Futures US caíram 14,2%. São 96.645 sacas a menos do que as 680.163 sacas existentes no último dia de abril. No mês de abril, a queda foi de 62.731 sacas. Hoje, caíram mais 935 sacas. Estão em 574.443 sacas. Há um ano, esses estoques totalizavam 1.030.616 sacas, quando já eram considerados baixos e muito preocupantes. Caíram, neste período, 457.108 sacas.

A base de dados mais importante usada para avaliar a saúde da indústria de café dos EUA sumiu do mercado de repente, o que dá mais uma vantagem às maiores tradings e torrefadoras.

Os dados que monitoram o volume de café estocado em armazéns nos portos americanos – que ajudam analistas, traders e produtores de café a avaliar a oferta e a demanda – foram repentinamente retirados do mercado no início de maio. Esses dados eram publicados mensalmente pela Green Coffee Association (GCA) há décadas.

A medida, surpreendente, gera frustração em toda a cadeia de suprimentos. Informações sobre estoques são umas das melhores maneiras de entender se o café importado pelos EUA está sendo moído e torrado para consumo – ou se está apenas se acumulando nos depósitos, em um sinal de queda da demanda. Como resultado, descobrir quanto café o maior consumidor do mundo está tomando ficou muito mais difícil (fonte: Agrotimes/Moneytimes).

Em nossa opinião, é um forte indicativo de quedas históricas nos estoques americanos de café. Essa decisão do maior consumidor global de café prejudica fortemente os cafeicultores de todos os países produtores de café no mundo.

Informações sobre problemas na produção cafeeira mundial continuam chegando ao mercado semana após semana. Os números sobre o consumo ao redor do mundo permanecem positivos e os estoques de café, tanto nos países produtores como nos consumidores são pequenos, bem abaixo dos números históricos.

Depois de chegar a operar acima de R$ 5,10 nos primeiros dias da semana, o dólar fechou hoje em queda de 1,50%, a R$ 4,9540. Na semana, a queda acumulada foi de 0,70%.

Em reais por saca, os contratos para julho próximo na ICE em NY fecharam, hoje, a R$ 1.181,53. Ontem, encerraram o dia valendo R$ 1.212,15. Na sexta-feira passada, fecharam valendo a R$ 1.198,46. Na sexta-feira anterior, fecharam a R$ 1,268,87. 

No mercado físico brasileiro, os compradores subiram e desceram o valor de suas ofertas no decorrer da semana, acompanhando o sobe e desce das cotações na ICE em Nova Iorque e do dólar frente ao real. Os produtores continuaram retraídos. Em boa parte da semana, o mercado físico permaneceu praticamente paralisado, com poucos negócios fechados.

Até dia 2, os embarques de maio estavam em 1.910.658 sacas de café arábica, 125.249 sacas de café conilon, mais 288.761 sacas de café solúvel, totalizando 2.324.668 sacas embarcadas, contra 2.682.786 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 2, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 2.644.311 sacas, contra 2.515.667 sacas no mesmo dia do mês anterior.

A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 26, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 2, caiu, nos contratos para entrega em julho próximo, 130 pontos ou US$ 1,72 (R$ 8,52) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam, no dia 26, a R$ 1.198,46 por saca, e hoje, sexta-feira, dia 2, a R$ 1.181,53. Hoje, nos contratos para entrega em julho, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 275 pontos. No mercado paralisado de hoje, são as seguintes cotações nominais por saca para os cafés verdes do tipo 6 para melhor, safra 2022/2023, condição porta de armazém:

R$ 1050/1100,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
R$ 1040/1070,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
R$ 1020/1040,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
R$ 980/1000,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
R$ 970/980,00 – RIADOS.
R$ 970/980,00 – RIO.
R$ 900/950,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
R$ 900/950,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.

DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 4,9540 PARA COMPRA.

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