Ao contrário do que passou nos últimos dez anos, o crescimento previsto dos plantéis (1,2% por ano) é superior à média da produtividade (0,4%), e o rebanho de vacas leiteiras deverá aumentar mais rapidamente nos países onde a produtividade é baixa.
Assim, na Índia e no Paquistão, dois grandes produtores de leite, serão responsáveis por mais da metade do crescimento da produção mundial nos próximo dez anos e por mais de 30% da produção mundial em 2028. A produção da União Europeia, segundo produtor mundial, deverá crescer mais lentamente do que a média mundial, porque ela é pouco exportadora e a demanda interna terá aumento muito pequeno.
O leite é um produto muito perecível, que deve ser transformado rapidamente, logo após a captação. Ele não pode ser estoque, por mais que poucas dias. Assim, o essencial da produção de leite é consumida na forma de produtos frescos, que não são transformados. O consumo mundial desses produtos deverá crescer nos decorrer dos próximos dez anos, em decorrência da forte demanda proporcionada pelo aumento da renda e o crescimento da população nos países em desenvolvimento. De acordo com as projeções, o consumo mundial per capita de produtos lácteos frescos aumentará 1% por ano, no próximo decênio, ou seja, um pouco mais rápido do que o aumento registrado no decênio anterior, como efeito da elevação da renda por habitante, em particular na Índia. Na Europa e América do Norte, a demanda por produtos lácteos frescos terá recuo, mas, a tendência será de consolidar o consumo da matéria gorda do leite. Nessas duas regiões o segundo produto lácteo na ordem de preferência é o queijo, cujo consumo deverá aumentar no período estudado.
O comércio mundial de leite ocorrerá, principalmente, com produtos industrializados. A China tem um pequeno consumo por habitante, mas, é o maior importador mundial de produtos lácteos, especialmente de leite em pó integral. O Japão, a Rússia, o México, o Oriente Médio, e o Norte da África serão os outros grandes importadores líquidos de produtos lácteos. Os acordos comerciais internacionais (PTPGP, AECG e o acordo preferencial entre o Japão e a União Europeia) dispõem de capítulos específicos para os produtos lácteos (como os contingenciamentos tarifários) que favorecem as transações comerciais.
Desde 2015, o preço da manteiga ultrapassa substancialmente o do leite em pó desnatado. Essa evolução reflete a demanda internacional, mais forte para as matérias gordas do leite do que pelos outros constituintes sólidos do leite, e isto constituirá uma característica estrutural do setor nos próximos dez anos.
A evolução do ambiente comercial poderá trazer modificações sensíveis no comércio de produtos lácteos. O Brexit, por exemplo, poderá incidir sobre quantidades consideráveis de queijo e outros produtos lácteos que, atualmente são comercializados entre a União Europeia e o Reino Unido, enquanto que o Acordo Canadá-Estados Unidos-México (ACEUM) deverá repercutir sobre o fluxo comercial na América do Norte.
Até o momento, os principais países consumidores, Índia e Paquistão, têm pouca presença no comércio mundial. Se eles se envolvessem mais no comércio, poderia haver um impacto significativo nos mercados internacionais.
Fonte: Sindilat