O cálcio é um dos macronutrientes mais exigidos pelo cafeeiro, perdendo apenas para o nitrogênio e o potássio. Em concentrações adequadas, ele proporciona melhor desenvolvimento das gemas, maior retenção de folhas e um bom desenvolvimento do sistema radicular. Além disso, pode minimizar a severidade de algumas doenças, ao dificultar a ação de patógenos, pois este nutriente é o responsável pela integridade da parede celular.
O magnésio também é um macronutriente, e constitui o centro da molécula de clorofila, possuindo relação direta com a fotossíntese. Também apresenta sinergismo com a absorção de fósforo pela raiz do cafeeiro.
O boro é um micronutriente muito exigido pela planta de café, também possui função na formação da parede, divisão e alongamento celular. Embora possa ser fornecido via foliar, sua aplicação via solo é importante, uma vez que ele possui imobilidade no floema.
O silício é um elemento benéfico – estudos mostram que ele tem a capacidade de induzir mecanismos de defesa para patógenos e estresse hídrico no cafeeiro.
Principais fontes de cálcio e magnésio
O cálcio e o magnésio têm como principal fonte de fornecimento o calcário, no entanto, esses nutrientes são fornecidos de acordo com a solubilidade do corretivo, que depende de fatores como origem da rocha calcária, tamanho da partícula e teores de cálcio e magnésio.
De forma geral, os calcários possuem baixa solubilidade, levando cerca de três meses para reagir completamente no solo, precisando também de umidade no solo para sua reação, não tendo reação em época de seca.
O calcário tem baixa movimentação vertical no perfil do solo, necessitando de incorporação para atingir camadas mais profundas do solo. Uma alternativa para aumentar a movimentação desses nutrientes no perfil do solo é a utilização de gesso agrícola, que além de fornecer cálcio e enxofre, pode carrear bases para a subsuperfície do solo.
Para o fornecimento de magnésio, há outras opções, como a de utilizar o óxido, carbonato ou sulfato de magnésio, atentando-se para a baixa solubilidade dos óxidos. No caso desses fertilizantes, as fontes são carbonato de cálcio e carbonato de magnésio.
Principais fontes de boro
O boro pode ser fornecido via foliar, com pulverizações contendo ácido bórico, porém, devido a sua baixa mobilidade no floema, o seu fornecimento deve ser preferencialmente via solo, onde ele irá ascender na corrente transpiratória do cafeeiro e suprir sua demanda nas regiões de crescimento, onde é mais exigido.
As fontes via solo podem ser o próprio ácido bórico, altamente solúvel e também a ulexita, menos solúvel, que pode suprir a necessidade a longo prazo. No caso desse fertilizante, a fonte de boro é a ulexita.
Erros frequentes
Os principais erros da nutrição do cafeeiro com cálcio e magnésio estão relacionados ao desequilíbrio desses dois nutrientes com os níveis de potássio no solo. Para isso, deve-se atentar à análise do solo para que a proporção de Ca, Mg e K seja 9:3:1 respectivamente.
Em relação ao boro, o principal erro é negligenciar o fornecimento via solo, que como vimos, é a melhor forma de fornecer esse micronutriente para a planta.
Custo x benefício
Fertilizantes formulados com mais de um nutriente têm como principal função facilitar e reduzir o número de operações de distribuição em campo, além de fornecer cálcio e magnésio em profundidade.
O custo dessa tecnologia está por volta de R$ 1.200,00/tonelada, variando de acordo com a região. No caso específico desse tipo de fertilizante, que contém cálcio, magnésio e boro, é necessário o acompanhamento da fertilidade do seu cafezal, por meio de análises de solo e foliar, para que seu uso seja adequado, de forma a manter uma nutrição equilibrada das plantas. Dessa forma, a orientação de um engenheiro agrônomo é indispensável para uma decisão assertiva.
O fornecimento de cálcio e magnésio deve ser feito preferencialmente pelo calcário, uma vez que seu uso inclui outros benefícios, como o ajuste do pH do solo, que melhora o fornecimento de nutrientes ao cafeeiro, e redução da toxidez causada pelo Alumínio.
No entanto, o fato desse fertilizante possuir fontes solúveis o torna uma opção interessante para situações em que o teor desses nutrientes esteja abaixo do adequado em camadas mais profundas do solo, principalmente no caso de lavouras de café já implantadas, onde não é possível fazer a incorporação de calcário.
Autores
Jean dos Santos Silva – santos.jean96@yahoo.com.br
Luciane Gonçalves Torres – lucianetorres21@hotmail.com
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Jéssica Elaine Silva – Graduanda em Agronomia – UFLA –jessicaelaineagro@gmail.com